Vicente Moura não será candidato a novas eleições para o Comité Olímpico de Portugal. A garantia foi dada pelo próprio, que em dia de balanço da participação portuguesa em Londres, afirmou que deixa o COP a 31 de março de 2013 e que é necessário «gente nova» para uma nova fase.

«Já tomei a minha decisão e não me vou recandidatar», disse o comandante, que acedeu a traçar um perfil do seu sucessor:

«Tem de ser uma pessoa que conheça bem o desporto e que seja independente, sem tutelas. Terá se ser alguém que defenda o movimento associativo, mas não apoiarei ninguém. Não tenho delfins.»

Já relativamente ao balanço da “operação” Londres2012, Vicente Moura definiu os resultados como expectáveis e deixou críticas a algumas federações.

«Tinha razão nas minhas previsões em Lisboa, pois sabia do nível dos atletas que trazíamos. Portugal, no seu todo, é o que aqui se espelhou. O nível de Portugal é o que está patente nestes Jogos Olímpicos e temos de continuar a trabalhar», começou por dizer o presidente do COP, adiantando razões para não haver mais motivos de regozijo.

«Os resultados têm muito a ver com os elencos federativos e isso não devia acontecer. Não há um trabalho de profundidade e de continuidade. E o dinheiro não é justificação para tudo. Temos um sistema desportivo que está obsoleto e os nossos níveis de desporto são mais baixos da Europa, não temos atletas. Temos de trazer dez atletas medalháveis para conquistar uma ou duas medalhas. E nós não temos esses atletas. A opinião pública passa ao lado das modalidades olímpicas e de quatro em quatro anos espera um milagre. É altura de pôr os pés na terra e estudar o que fazer para o futuro», afirmou Vicente Moura, que ainda assim sublinhou que não está isente de responsabilidades.

«Eu não sacudo a água do capote. Se querem um responsável, aqui têm. Sou eu!», declaro o presidente do COP, deixando reparo ao modo como algumas federações estão a gerir as verbas distribuídas pelo Comité. O caso concreto apresentado foi o do Remo.

«Não posso ser responsável pelas decisões de cada federação e esta separação entre cada federação e o COP não é boa. Temos de trabalhar mais em conjunto. Como é possível o remo trazer uma dupla medalhável que tem com problemas com os atletas e cujo treinador não recebe?», questionou Vicente Moura, explicando que cabe ao Estado ser elemento regulador desta relação.

Para «um novo paradigma», o comandante defende alterações urgentes, e é precisamente no relacionamento com as federações que o responsável do COP se centra.

«O COP deverá começar a pagar diretamente as bolsas aos treinadores, que muitas vezes não recebem. Por outro lado, o COP deve apenas apoiar o desporto de excelência, os melhores dos melhores. E era ótimo que fossem dados ao COP meios humanos para acompanhar o trabalho das federações», terminou o presidente do COP, garantindo que até 31 de Março de 2013 não vai permitir ingerências no seu poder e que tudo fará para lutar por melhores condições para preparar as próximas Olimpíadas, no Rio de janeiro, em 2016.