João Sousa, o primeiro tenista português a vencer um torneio ATP, mostrou-se hoje confiante de que o seu feito e o título mundial do ciclista Rui Costa podem ser determinantes para um maior apoio das modalidades em Portugal.

«A falta de apoio para outros desportos em Portugal é uma realidade. Temos muito talento em Portugal e tanto eu como o Rui mostrámos isso nas últimas semanas», defendeu, numa conferência de imprensa realizada na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP).

João Sousa reconheceu que «feliz ou infelizmente, o desporto rei é o futebol», mas salientou que, com os títulos conquistados no último domingo, o ténis e o ciclismo juntaram-se-lhe.

«Tanto eu como o Rui Costa fizemos um bom trabalho pelos outros desportos que não o futebol», destacou o atual 51.º tenista da hierarquia mundial.

O facto de ser o melhor tenista português de sempre no ranking ATP enche de orgulho o vimaranense, assim como a receção de que foi alvo à chegada a Portugal, depois de ter vencido o torneio de Kuala Lumpur (Malásia), e as manifestações que recebeu das mais altas autoridades portuguesas.

«É uma responsabilidade enorme quando jogamos em prol do país. Mas, eu não compito com os jogadores portugueses. Ter alcançado a melhor marca de sempre de um tenista português é um motivo de orgulho, não só para mim, mas para as pessoas que trabalharam comigo. Sinto-me muito feliz e honrado por aquilo que estou a trazer ao ténis nacional», disse.

Quatro quilos mais magro, mas visivelmente feliz, João Sousa acredita que o seu feito vai angariar mais apoios económicos para a sua carreira.

«No ténis, são os pequenos detalhes que fazem a diferença e, se calhar, se tiver esses apoios, posso expandir a minha equipa e fazer um trabalho ainda mais sério do que tenho feito até agora», explicou o tenista, de 24 anos, que, aos 14, teve de mudar-se para Barcelona para prosseguir o sonho de ser profissional.

Sousa recordou que um dos principais motivos porque teve de emigrar foi a falta de companheiros para treinar. «Infelizmente, em Portugal não temos muitos jogadores a quererem ser profissionais. Pode ser que estes meus feitos possam ajudar».

Questionado sobre quando poderá jogar em Portugal, apontou o próximo desafio da Taça Davis - para o qual a seleção lusa ainda não tem adversário - como a data mais provável, escusando-se a adiantar se vai estar presente no Portugal Open.

«A temporada ainda não acabou, ainda há muitos pontos em disputa. Temos de pensar na próxima época, mas ainda não falei com o meu treinador, ainda não organizámos o calendário. Só depois poderei falar», respondeu, evitando a polémica gerada por não ter recebido um “wild card” para a edição de 2013 do maior torneio português.

O facto de a sede do COP ter sido o cenário escolhido para responder às solicitações dos meios de comunicação social motivou uma pergunta inevitável: a sua eventual presente os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

«É obviamente um dos objetivos primordiais, mas somos conscientes de que há muito trabalho a fazer», assegurou.

No domingo, em Kuala Lumpur, João Sousa tornou-se o primeiro português a vencer um torneio ATP, o que lhe valeu o melhor ranking de sempre de um representante nacional.