Gastão Elias destacou este sábado a “perfeita harmonia” que há entre si e João Sousa, depois da vitória nos pares na Taça Davis, com o ‘capitão’ Nuno Marques a considerar que nunca jogou como os seus dois tenistas.

“Está no ‘top 2’ de melhores [encontros de] pares que jogámos. Este era um encontro bem complicado, contra um ex-número um mundial e, embora a forma dele atual não seja a melhor da carreira, nota-se claramente que ele já jogou noutra ‘liga’. Talvez isso não se tenha sentido contra a Finlândia, apesar de eles também serem especialistas. Hoje foi, sem dúvida, um dos melhores pares que joguei, não só com o João, mas na minha carreira”, admitiu Gastão Elias, depois da vitória do duo luso frente a Max Mirnyi e Sergey Betov, em Viana do Castelo.

O jovem da Lourinhã recordou a longevidade da sua parceria com Sousa – “Eu gosto de jogar ao lado do João, porque jogo ao lado dele desde os dez, 12 anos. Se não gostasse era complicado” – e explicou o segredo do sucesso de ambos: “Acho que temos personalidades diferentes e encaixamos bem, é perfeito. Se calhar, se fossemos iguais chocávamos”.

Numa conferência de imprensa bem-humorada, o número dois nacional arrancou gargalhadas com a tirada “jogámos em perfeita harmonia”, antes de acrescentar “foi sempre uma expressão que quis usar”.

“Fizemos um excelente encontro, as circunstâncias não estavam fáceis. O par poderia ser perfeitamente decisivo, com essa pressão, essa tensão, fizemos um excelente encontro. Acredito que este e o anterior [encontro de pares com a Finlândia] foram dos melhores encontros de pares que já disputámos”, reconheceu João Sousa.

Também Nuno Marques não teve dúvidas em qualificar o encontro de pares do ‘play-off’ de acesso ao Grupo I da Zona Europa/África da Taça Davis como um dos melhores que já viu, defendendo, inclusive, que enquanto jogador nunca jogou ao nível hoje apresentando por Sousa e Elias.

“Esta é a Davis na sua versão mais intensa e dramática. Foi muito, muito bom. É preciso ter noção que eles jogam muito bem pares. Eles conseguem atingir um nível muito forte. E não foi porque o Mirnyi jogasse mal. Hoje o fator casa foi muito importante. Depois de um dia dramático como o de ontem, hoje jogar a cinco sets… a recuperação vai ser muito importante”, completou.

Para o ‘capitão’ nacional, a energia sentida hoje no Clube de Ténis de Viana do Castelo vai compensar o desgaste acumulado pelos dois tenistas lusos, que já somam, pelo menos, sete horas em ‘court’ e no domingo ainda terão de jogar encontros de singulares.

Impressionado com a exibição lusa estava também Max Mirnyi, antigo número um mundial de pares e atual campeão olímpico de pares mistos: “O que posso sugerir é que eles devem jogar pares. Eles são muito bons, tive oportunidade de jogar com eles no Estoril, ganhei, mas vi que tinham potencial. Se querem ganhar torneios, têm de jogar mais juntos. Eles mostraram que, sob pressão, conseguem jogar bem como par e esse é um bom indicador de que podiam ser uma boa dupla”.

O experiente jogador da Bielorrússia não deu, no entanto, o ‘play-off’ como perdido para a sua seleção, considerando que, com Portugal a ganhar por 2-1, ainda está tudo em aberto.

“Sei que não vai ser fácil para os jogadores portugueses voltarem ao ‘court’ amanhã [domingo], porque hoje passámos aqui muito tempo”, disse, depois de um encontro que se saldou numa derrota bielorrussa, por 7-6 (7-3), 4-6, 6-3, 6-7 (5-7) e 6-3, em quatro horas e dez minutos.