Manuel Cardoso honrou hoje os "sprinters" portugueses e a Banco Bic-Carmim, ao vencer a última etapa da Volta a Portugal em bicicleta, que garantiu a passagem de testemunho entre os galegos Alejandro Marque e Gustavo Veloso.

Tranquilo, Veloso (OFM-Quinta da Lixa) deu-se ao luxo de perder 16 segundos na meta em Lisboa, para saborear um triunfo há muito sonhado, mas só hoje confirmado.

Lá à frente, o camisola amarela ainda terá visto o erguer de braços de Manuel Cardoso (Banco Bic-Carmim), que bateu Davide Vigano (Caja Rural), para delírio do diretor desportivo Vidal Fitas.

"Estou bastante feliz. Estou orgulhoso do trabalho que a equipa fez desde o primeiro dia. É um alívio enorme ganhar", confessou já depois de subir ao pódio que consagrou Veloso, Rui Sousa (Rádio Popular) e Delio Fernández (OFM-Quinta da Lixa), como melhores homens da geral, António Carvalho (LA-Antarte) como o líder da montanha, David Rodrigues (Seleção Portuguesa) como melhor jovem, Vigano como mais regular e a OFM-Quinta da Lixa como melhor equipa.

No início da décima e última etapa, 167,1 quilómetros descontraídos entre a Burinhosa e Lisboa, houve tempo para tudo: paragem para descerrar uma placa comemorativa, champagne para a OFM-Quinta da Lixa, com o patrocínio do diretor da prova Joaquim Gomes, foto dos três primeiros, sorrisos no pelotão.

Depois da foto de grupo de todos os camisolas, Veloso e Davide Vigano ficaram a conversar. Coincidência ou não, o camisola amarela, que também era dono da camisola vermelha, não deixou que nenhuma fuga se formasse antes do italiano passar na frente na meta volante de Óbidos, oferecendo pontos ao homem que o sucedida na geral da regularidade.

Entre tantos acontecimentos, a fuga do dia foi adiada para o quilómetro 68 quando César Fonte (Rádio Popular-Onda) e Segundo Navarrete (Team Ecuador) a partirem em solitário, sendo, pouco depois, alcançados pelo jovem Carlos Ribeiro (Seleção Portuguesa).

Com a Banco Bic-Carmim sempre à espreita no pelotão, numa tentativa de redenção de uma edição em branco, os três chegaram a dispor de cerca de quatro minutos de vantagem, uma margem que caiu abruptamente quando Fonte, o mais combativo da etapa, ficou sozinho e quando começou a aproximação a Lisboa, onde Veloso apareceu imponente na frente do pelotão.

Em mais uma demonstração de força, o camisola amarela puxou, puxou e entrou mesmo no último quilómetro da 76.ª Volta a Portugal na frente, num trabalho para o sprinter da OFM-Quinta da Lixa, Samuel Caldeira.

Se o algarvio não soube beneficiar do trabalho do galego, o mesmo não se pode dizer de Manuel Cardoso, que pode finalmente suspirar de alívio, ao cortar a meta na frente com o tempo de 04:28.01 horas, e ver o seu filho Pedro erguer os braços para imitar o seu gesto vitorioso, enquanto atrás de si o italiano da Caja Rural assegurava a sucessão do ciclista da Banco Bic-Carmim como o mais regular.

Longe da confusão do "sprint", Veloso finalmente descansou. De cabeça baixa, pedalou com calma (perdeu 16 segundos) para saborear a sua vitória mais bonita, levantou ligeiramente o pulso, bebeu água e, quando pôs os pés no chão, abraçou Alejandro Marque, num gesto semelhante ao protagonizado pelos dois na última etapa da Volta do ano passado. Estava, assim, assegurada a sucessão.