O título olímpico norteia a ambição do ginasta Gabriel Albuquerque, que este domingo ocupou a única quota portuguesa de acesso à prova de trampolim individual dos Jogos Paris2024, ao ficar em sexto na final da Taça do Mundo.

“Tenho uma meta desde os meus quatro anos e posso dizer que vou com objetivos altos aos Jogos Olímpicos. Mesmo que esta Taça do Mundo não tenha refletido isso, tenho a meta de ser campeão olímpico. É um objetivo ao qual quero chegar. Com todo o trabalho que eu e o meu treinador metemos, acho que pode vir a ser possível”, vincou à agência Lusa o jovem atleta, de 17 anos, da Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé.

Em Cottbus, na Alemanha, Gabriel Albuquerque somou 59.880 pontos e superiorizou-se por 20 milésimos ao compatriota Pedro Ferreira, sétimo, com 59.860, sendo selecionado pela Federação de Ginástica de Portugal (FGP) para ocupar a única vaga olímpica lusa.

A final foi arrebatada pelo chinês Langyu Yan, campeão mundial de trampolim individual, com 61.870 pontos, batendo o compatriota Wang Zisai, segundo, com 61.800, num pódio selado pelo bielorrusso Ivan Litvinovich, que competiu sob bandeira neutra, com 61.330.

“Não me soube a vitória, de todo. Sou demasiado ambicioso para tal. Estou contente por todo o processo que tive até agora, mas não propriamente com este sexto lugar”, admitiu Gabriel Albuquerque, que testemunhou uma “rivalidade saudável e sem ressentimentos” entre si, Diogo Abreu, Lucas Santos e Pedro Ferreira pelo acesso aos Jogos Olímpicos.

Há quatro meses, Portugal tinha assegurado uma vaga na prova de trampolim individual masculino em Paris2024, face às presenças simultâneas de Gabriel Albuquerque (quarto colocado) e Pedro Ferreira (sétimo) na final dos Mundiais, em Birmingham, na Inglaterra.

Entre 26 de julho a 11 de agosto, na capital de França, os lusos vão estar representados pela sexta edição consecutiva nas provas olímpicas de trampolins, tendo como melhor resultado da sua história o sexto lugar de Nuno Merino logo na estreia, em Atenas2004.

“O meu clube ajuda-me bastante. Não posso mentir. Se tenho as condições necessárias para lograr o objetivo que eu quero? Acho que sim, mas não são propriamente as ideais, porque, por exemplo, os atletas chineses têm condições demasiado boas. É por isso que eles são como são, treinam provavelmente seis ou 10 vezes mais do que eu e chegam à meta. Estamos a trabalhar com as condições que há e acho que consigo lá chegar com muito trabalho, dedicação e a garra do que é ser português”, fixou Gabriel Albuquerque.

O atleta é seguido desde os quatro anos pelo treinador João Pedro Monteiro, que elogiou a “capacidade de trabalho e talento” do algarvio, cujo “gosto por desafios” acomodou as dificuldade inerentes ao apuramento olímpico e aos primeiros passos no patamar sénior.

“Desde que nos apercebemos há um ano e pouco de que era possível ele entrar nestas lides, [a meta olímpica] começou a tornar-se um pouco mais real. Agora, esteve longe de ser fácil, porque os colegas de equipa portugueses e de outros países também são muito talentosos e trabalhadores. O Gabriel fez o seu percurso, entende as coisas e consegue superar-se na maioria das vezes em momento de competição”, analisou à agência Lusa.

Além do trampolim individual, Pedro Ferreira efetuou hoje um exercício de 50.900 pontos com o olímpico Diogo Abreu rumo ao quarto lugar na decisão do trampolim sincronizado.

Os alemães Fabian Vogel e Caio Lauxtermann impuseram-se nessa prova, com 51.900 pontos, ficando à frente da dupla japonesa formada por Ryosuke Sakai e Hayato Miyano, segundos, com 51.600, e dos britânicos Corey Walkes e Zak Perzamanos, com 51.290.

A Taça do Mundo de Cottbus decorreu entre sexta-feira e domingo, com oito ginastas lusos, sendo a quinta e última etapa pontuável para o ranking de acesso aos Jogos Olímpicos.