Aos 18 anos, a bolsa olímpica permite-lhe “começar a ganhar experiência” e “não tanto qualificar para Paris2024”, mas apontar para os Jogos Olímpicos seguintes, após um ano de 2022, de estreia no clube CHE Lagoense, em que se afirmou no plano sénior, ainda em idade júnior, com boas prestações internacionais.
Em entrevista à Lusa, a jovem natural de Lisboa, que vive nas Caldas da Rainha e aí treina no Centro de Alto Rendimento, onde se disputam hoje e domingo os Nacionais, reflete sobre uma ascensão que admite ser “muito rápida”, sem deixar de ter os pés bem assentes na terra.
Foi o desporto escolar, por volta dos nove anos, que lhe mostrou uma modalidade em que a velocidade do volante a fascinou, além de ser “supercompleta, com vertente técnica e tática”, pela mão de uma professora, hoje na federação, que a incentivou.
Quis chegar “àquela adrenalina” que via nos jogos de elite, e, aos 11 anos, já num clube, começou a competir, mas confessa que “não esperava” chegar ao topo tão rápido.
“Tive um treinador que sempre me dizia: tem calma, não tenhas pressa para nada. Mas parece que me ‘empurraram’ para ter pressa. Via os resultados acontecer e pensei que podia aproveitar a oportunidade”, lembra.
Depois de “muitos jogos sempre a perder”, quando começou a competir, o aumento da frequência de treinos levou-a a “uma evolução muito rápida”, já integrada na Unidade de Apoio ao Alto Rendimento nas Escolas (UAARE).
Os resultados “ajudam” a seguir, agora numa carreira dual, entre a licenciatura em Gestão, no ISCTE, em Lisboa, e ‘voos’ cada vez mais altos no badminton, e é no campo internacional onde os resultados não são ainda os desejados, por encontrar um ritmo “completamente diferente”.
“Tento separar bem na minha cabeça. [Em torneios] internacionais é tudo completamente diferente. Os quartos de final [atingidos em Ibiza, em Espanha, em setembro] são o meu melhor resultado num Internacional sénior, e se fosse em Portugal não ficava contente com essa prestação”, compara.
A bolsa de Solidariedade Olímpica, atribuída pelo Comité Olímpico Internacional (COI) a Fortunato e a Bernardo Atilano, permite-lhe “fazer mais torneios internacionais”, algo fundamental para subir no ranking e poder aspirar a uma qualificação olímpica.
“Pela minha idade, o que preciso é ganhar experiência internacional, (...) e no futuro mais longínquo, não já Paris2024, tentar a qualificação. Fiquei muito contente por ter sido a escolhida e espero representar Portugal e as raparigas da melhor forma possível”, considera, até porque a diferença entre as principais atletas femininas lusas “é muito curta”.
Depois de cinco representações consecutivas, Portugal não teve atletas de badminton nos Jogos Olímpicos Tóquio2020 – Beatriz Monteiro marcou presença nos Paralímpicos -, uma ausência que se quer mudar.
“Estamos a evoluir e a fazer o nosso trabalho para chegar o mais perto possível, levar o badminton português o mais alto possível”, diz Madalena Fortunato.
A jovem refere-se, nessa aproximação, a atletas que já estiveram nos Jogos Olímpicos, desde logo o seu treinador, Fernando Silva, que acompanhou Ricardo Fernandes na estreia portuguesa, em Barcelona1992, mas também Telma Santos, presente em Londres2012 e Rio2016.
Os dois são as maiores referências nacionais para a jovem, confessa, e a nível internacional aponta à espanhola Carolina Marín, antiga líder do ‘ranking’ mundial, seis vezes campeã europeia e ouro olímpico no Rio2016.
“Por curiosidade, dizem que a minha cara é muito parecida com a dela. Não sei, mas é mesmo o meu maior exemplo internacional, ela é fascinante”, diz.
É nesse meio que Fortunato e outros “atletas seniores mais novos” se vão inserindo, ao entrar na seleção e marcarem presença em torneios internacionais, prova de “um maior leque de potenciais bons jogadores”.
Pela frente tem vários objetivos ainda este ano, desde os Nacionais que hoje começam ‘em casa’, no Centro de Alto Rendimento das Caldas da Rainha, uma “grande” pretensão.
Foi campeã nacional sub-19 e sub-21 em 2021 e agora pensa no título sénior, antes de se virar para alguns torneios internacionais até fim do ano e os Internacionais de Portugal para o escalão júnior, de novo nas Caldas, para o qual ainda é elegível.
“Quero tentar ganhar mais jogos, mais rondas, especialmente para poder jogar mais e entrar no ritmo internacional”, afirma a terceira jogadora nacional no ‘ranking’ internacional, em 567.º de seniores, primeira em juniores (149.ª).
Pelo meio, “não está a ser fácil” conciliar com a faculdade, uma “realidade completamente diferente”, mas tem tido apoio, seja do ISCTE como de amigos que fizeram o mesmo, além de gostar “mesmo muito” de Gestão, uma opção de vida futura.
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