Manifestantes xiitas bloquearam este domingo várias estradas do Bahrein, envolvendo-se em confrontos com a polícia, mas as autoridades asseguram que foram tomadas todas as medidas para garantir que o Grande Prémio de Formula 1 decorre sem incidentes.

A oposição xiita, que se considera marginalizada pelo poder sunita no reino do Bahrein, está a mobilizar há uma semana os seus apoiantes para que façam ouvir as suas reivindicações, numa altura em que vários visitantes e jornalistas estrangeiros se encontram no país para a tradicional prova de automobilismo.

A corrida, prevista para a tarde de hoje no circuito de Sakhir, a sul da capital Manama, verá partir da "pole position" o piloto alemão Nico Rosberg (Mercedes), ao lado do seu compatriota Sebastian Vettel (Red Bull) e à frente do espanhol Fernando Alonso (Ferrari).

Segundo testemunhas, citadas pelas agências noticiosas internacionais, jovens mascarados que protestavam contra a realização da corrida bloquearam hoje de madrugada várias estradas dos arredores de Manama, queimando pneus, mas não conseguiram impediram o acesso ao circuito de Sakhir.

Durante a noite, a polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar centenas de manifestantes que protestavam em várias aldeias xiitas contra a «fórmula do sangue», como batizaram a corrida.

Os manifestantes respondiam ao apelo lançado pelo Coletivo 14 de fevereiro, que iniciou há vários dias a chamada operação "vulcões de fogo", que visa bloquear estradas com recurso a pneus incendidos.

O grupo clandestino, que organizou a contestação nas redes sociais, pediu aos seus apoiantes para que se manifestem nas ruas no momento da partida da corrida.

No sábado, o grupo tinha já convocado os seus apoiantes para uma manifestação na Praça da Pérola, em Manama, símbolo da revolta reprimida há dois anos pelo poder, mas a polícia dispersou os manifestantes com recurso a gás lacrimogéneo.

Os tradicionais partidos da oposição, liderados pela formação xiita Al Wefaq, demarcaram-se das manifestações violentas, dizendo que não se opoem à realização da corrida, mas que irão utilizar o evento para chamar à atenção sobre as suas reivindicações.

Os xiitas reclamam a instauração de uma «verdadeira monarquia constitucional», onde o governo resulte de uma maioria parlamentar.

O Coletivo 14 de fevereiro apela, por seu lado, à queda do regime.