O presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, disse hoje que espera apresentar, no final de setembro, o modelo de gestão e funcionamento do Autódromo do Estoril, mas descartou o regresso da Fórmula 1 ao circuito.

“Pensamos anunciar, no final de setembro, todo o modelo geral em que o autódromo vai funcionar”, afirmou Carlos Carreiras, após a assinatura do contrato de compra e venda para adquirir o autódromo à Parpública [sociedade criada pelo Estado para a gestão de participações em empresas em processo de privatização], por quase cinco milhões de euros.

Apesar de adiar a apresentação de novos projetos para o autódromo, o autarca deixou, no entanto, uma certeza: a impossibilidade de voltar a haver Fórmula 1 no Estoril.

“Os valores hoje para uma prova desta dimensão ultrapassam as duas dezenas de milhões de euros. Não há capacidade do país, nem de todos aqueles que têm de se associar enquanto ‘sponsors’ [patrocinadores] ”, vincou o autarca durante o seu discurso, no salão nobre do município.

Carlos Carreiras (PSD) assegurou, contudo, que haverá o “empenho máximo para trazer grandes provas” de automobilismo e motociclismo ao Autódromo do Estoril” e adiantou que vai assinar protocolos com as federações portuguesas de automobilismo e motociclismo nesse sentido.

“Irão ser nossas parceiras no aconselhamento das provas e do calendário desportivo que o próprio autódromo vai realizar. São, para nós, parceiros estratégicos. Mas também há outras entidades públicas e privadas que já nos têm feito chegar a sua vontade de serem também parceiros neste novo desafio que a Câmara de Cascais tem pela frente”, salientou Carreiras.

O autarca quer também construir no Autódromo do Estoril um kartódromo, que seja instalada uma escola de ensino de condução segura, e criado um museu para carros clássicos, além de um conjunto de serviços associados.

“Mas há muitos outros projetos. O que pretendemos mesmo é que o autódromo mantenha o seu vínculo desportivo à área do motor, e reforce cada vez mais esse vínculo, sem deixar de ser vivido por toda a família. Ser um centro de lazer e um centro de acolhimento de várias gerações que aí encontrarão um conjunto de iniciativas que as façam chegar novamente ao autódromo”, salientou.

Presente na cerimónia, o administrador da Parpública destacou que 2015 tem sido um ano de mudança para o Autódromo do Estoril, devido ao “fantástico” nível dos indicadores económicos financeiros.

“Há uma retoma clara da atividade, uma ocupação de pista e um volume de vendas e é necessário recuar bastantes anos para termos algo comparável. Resulta do esforço financeiro, mas também das circunstâncias de recuperação do mercado automóvel. Com o aumento das vendas, naturalmente, a ter impacto em toda a atividade do circuito do Estoril”, frisou José Manuel Barros.

O responsável acredita que a autarquia de Cascais tem os meios necessários para continuar a fazer crescer o autódromo.

"[Tenho a] forte convicção de que a Câmara é a entidade que tem capacidade de catapultar o circuito do Estoril para um nível superior àquele que está, mantendo o ritmo de crescimento, focado no negócio, para bem da empresa, dos seus trabalhadores, do concelho e, esperamos, para bem da imagem de Portugal, que tanto o circuito tem prestigiado”, disse o administrador.

A autarquia tem, a partir de hoje, 60 dias para efetuar uma auditoria à CE - Circuito Estoril S.A., a sociedade anónima responsável pela gestão e exploração do Autódromo do Estoril, até aqui detida a 100% pelo Estado. As ações apenas passam para a Câmara de Cascais após esta auditoria e o visto do Tribunal de Contas.