Adultos com deficiência vão participar esta segunda-feira num passatempo para selecionar o desenho que vai ilustrar o capacete que o piloto português Miguel Oliveira irá usar na última prova do Campeonato do Mundo de Moto GP.

Miguel Oliveira decidiu apadrinhar a Associação Almadense Rumo ao Futuro, de apoio a pessoas com deficiência, desafiando-a a lançar este passatempo.

Com esta iniciativa, o piloto pretende chamar a atenção para estes casos e alertar para as dificuldades e superações destas pessoas, motivando-os também a estimular a sua criatividade.

A diretora da instituição, Vilma Moniz, contou à agência Lusa que ficou «surpreendida» com o desafio lançado pelo piloto: «Os jovens, especialmente nesta área, estão virados para outro tipo de coisas».

«A deficiência não é uma área que as pessoas adiram, normalmente apoiam mais as crianças e os idosos, mas o Miguel Oliveira queria algo que fizesse mais sentido para ele», disse Vilma Moniz.

Miguel Oliveira quis informar-se das várias necessidades que existem no país, «mas procurou focar-se muito na sua área da sua residência [Almada], onde cresceu».

«Ele conheceu melhor o nosso trabalho e criámos este laço de amizade», disse a diretora da associação, formada por pais que «tiveram e têm medo de não poder cuidar dos seus filhos que nasceram com algum tipo de deficiência» e irão depender deles toda a vida.

O gesto do piloto «é uma forma de nos ajudar porque somos uma instituição particular de solidariedade social sem fins lucrativos e a nossa luta é diária» para ajudar estes doentes, com uma média de idade entre os 30 e os 40 anos.

Vilma Moniz contou que a ideia de pintar o capacete foi sugerida pelo piloto. «O desenho é a melhor forma de expressão e, para os utentes da instituição, é o mais fácil devido às suas limitações».

Para a responsável, esta iniciativa é um «contributo importante» para a instituição e uma forma de divulgar o seu trabalho.

Por outro lado, é uma forma de «lembrar às pessoas a existência desta população muito dependente».

«É importante que as pessoas percebam que existem, que fazem parte da nossa sociedade e podem ter uma vida o mais normal possível, dentro das suas capacidade e limitações, e, acima de tudo, que podem ser felizes», sustentou.

Em declarações à agência Lusa o piloto disse que esta «é uma causa nunca lembrada nos apoios sociais».

«Toda a gente se lembra de apoiar crianças e idosos, mas portadores de deficiência, sobretudo com alguma idade, são muitas vezes esquecidos. Além disso também me é uma causa próxima, porque está situada na minha área de residência. Quero para que deixe de passar despercebida entre nós», frisou.

Hoje é o início do evento, com os jovens a fazer o desenho, e o «formalizar do apadrinhamento e desta amizade que se criou» entre a instituição e Miguel Oliveira, que ocupa o sexto lugar no Mundial de Moto3 e foi o primeiro piloto português a subir ao pódio numa prova do Campeonato do Mundo de motociclismo, ao terminar no terceiro lugar o Grande Prémio da Catalunha de 2012.