Jorge Viegas, o impulsionador do Grande Prémio de Portugal de MotoGP, vai tornar-se no sábado no primeiro português a concorrer à presidência da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), com o objetivo de devolver a “independência desportiva” ao organismo.

O vice-presidente adjunto da FIM, de 57 anos, disse à agência Lusa que pretende rever a relação com os promotores, que têm assumido um “protagonismo indevido”, posição oposta à do líder federativo, o venezuelano Vito Ippolito, único adversário nas eleições que se vão realizar em Jerez de la Frontera (Espanha).

Jorge Viegas lembrou também que a sua eleição para a presidência da FIM tornaria “mais fácil reconquistar o Grande Prémio de Portugal” para o autódromo do Estoril, que se disputou durante 12 anos de forma ininterrupta, ainda que a “questão do financiamento” continue a ser o maior obstáculo.

“Temos vindo a perder a nossa independência desportiva, porque os promotores têm vindo a ocupar um espaço que deveria ser da FIM. (...) Tem havido uma ingerência nos últimos tempos dos nossos parceiros em questões em que não se deviam imiscuir. Essa é uma das minhas bandeiras”, assinalou.

Jorge Viegas tentará através do diálogo sensibilizar os promotores das provas realizadas sob a égide da Federação internacional - “até porque há contratos assinados” -, procurando que percebam que também não é do seu interesse ter “uma FIM enfraquecida”.

Mais do que “um sonho”, a presidência do organismo que rege o motociclismo mundial é “um objetivo” e uma “ambição normal” para o dirigente português, que já fez “um bocadinho de tudo” na FIM ao longo de 22 anos, os últimos quatro como braço direito de Ippolito.

Segundo Jorge Viegas, o processo seria mais facilitado se o presidente da FIM tivesse respeitado o acordo feito nas eleições anteriores, através do qual Ippolito receberia o seu apoio em troca da saída de cena em 2014, mas o venezuelano alegou ter sofrido muitas pressões para se candidatar a um terceiro mandato.

“É uma situação muito delicada e que ninguém queria. (...) Resolvemos que nos candidataríamos os dois, o que só é explicável porque ele falhou este acordo de cavalheiros e porque tem uma ideia que o importante é dar força aos promotores e eu tenho uma ideia contrária. É aí que reside a nossa grande diferença”, observou.

Apesar de estar a concorrer contra o homem que liderou a FIM nos últimos oito anos, Jorge Viegas está “muito confiante” num bom resultado nas eleições de sábado, uma vez que tem “o apoio declarado de toda a comissão executiva da federação internacional, da maioria da direção e das federações continentais”.

Vice-presidente responsável pelas finanças, Jorge Viegas indicou que a FIM tem uma situação financeira muito sólida, uma vez que, apesar de ter tido alguns prejuízos durante o período de crise, tinha igualmente muitas reservas, estando inclusive a construir uma nova sede.

Jorge Viegas lembrou que o organismo não se ocupa apenas de desporto, mas também das componentes de segurança rodoviária e sinistralidade, necessitando de “promover bastante a imagem dos motociclistas, porque, por vezes, não é a melhor”.