O italiano Valentino Rossi procura no domingo o décimo título de campeão mundial de motociclismo, mas a partida forçada do último lugar da grelha em Valência deixa-o perante uma missão quase impossível frente ao espanhol Jorge Lorenzo.

Para a decisão do campeonato, acabou por ser determinante a penúltima etapa, no circuito de Sepang, na Malásia, onde Rossi e o espanhol Marc Márquez, atual bicampeão mundial, foram protagonistas de um episódio que resultou em duas das semanas mais polémicas do MotoGP, a anteceder o Grande Prémio da Comunidade Valenciana, 18.ª e última prova do calendário.

Os dois envolveram-se num 'duro' duelo pela terceira posição da corrida, e, após algumas trocas de posições e ultrapassagens mais ou menos 'arriscadas', tocaram-se, com resultado negativo para Márquez, que acabou por cair. Lorenzo, colega de Rossi na Yamaha, terminou em segundo e encurtou a diferença no Mundial para sete pontos (312 contra 305).

No final da prova, a direção da corrida puniu o piloto da Yamaha com três pontos de penalização na licença por ter tocado com o pé na moto de Márquez (Honda), mas optou por manter os 16 pontos de Rossi correspondentes ao terceiro lugar.

Rossi, que já tinha um ponto de penalização na licença, por condução irresponsável no Grande Prémio de São Marino, viu aumentar o número de pontos de penalização na sequência do incidente com o espanhol e foi punido com a saída do último lugar no circuito Ricardo Tormo, em Valência.

O italiano ainda interpôs recurso no Tribunal Arbitral do Desporto para pedir a anulação ou redução da pena, mas foi-lhe negado provimento na quinta-feira.

Por isso, apesar de líder, o italiano tem uma missão difícil para acrescentar um novo título aos sete alcançados na categoria rainha (500cc e MotoGP) e aos dois das classes inferiores (125cc e 250cc), sabendo-se, à partida, que em caso de igualdade pontual a vantagem é de Lorenzo, já que em 2015 venceu por seis vezes, contra apenas quatro de Rossi.

Assim, caso Lorenzo volte a vencer em Valência, o italiano tem obrigatoriamente de ser segundo para terminar a época como campeão, desfecho que também se verifica caso Lorenzo seja segundo e Rossi terceiro.

As possibilidades de o italiano ficam mais favoráveis se o maiorquino subir ao degrau mais baixo do pódio, bastando-lhe para isso terminar em sexto. Caso Lorenzo seja quarto, Rossi festeja o título caso seja nono, e se o espanhol terminar entre quinto e nono, Rossi pode ficar seis lugares atrás.

O único resultado que retira a Lorenzo qualquer possibilidade de 'sonhar' com o título é terminar abaixo de nono, já que o 10.º posto atribui seis pontos.

Com o título de Moto2 já nas mãos do francês Johann Zarco (Kalex), a corrida de Valência vai também decidir o campeão de Moto3, com o português Miguel Oliveira (Honda) ainda a 'sonhar' com cetro.

Atual segundo classificado da categoria, e já com a promoção assegurada para o Moto2 em 2016, o piloto de Almada chega à última etapa do Mundial com 24 pontos de desvantagem para o britânico Danny Kent (Honda), precisando obrigatoriamente de vencer a corrida e esperar que Kent não vá além do 15.º posto, que vale um ponto.

Isto porque em caso de igualdade pontual a vantagem é do português, já que, tendo em conta que ficariam ambos com os mesmo número de vitórias, o desempate seria feito pelo número de segundos lugares, posição em que Oliveira terminou três vezes e Kent apenas uma.