O Conselho Regional do Norte considerou hoje que a suspensão do apoio ao Rali de Portugal representa uma “desconsideração flagrante” e um “tratamento claramente discriminatório”, solicitando por isso ao Ministério da Economia que mantenha o financiamento.

“O Norte de Portugal – região que mais contribui para o reequilíbrio económico e financeiro do país – encara o anúncio da suspensão do apoio como uma desconsideração flagrante e manifesta total rejeição por um tratamento claramente discriminatório”, afirma comunicado do Conselho Regional que expressa também a posição do Turismo do Porto e Norte de Portugal e da CCDR-N.

Aquela entidade pede, por isso, ao Ministério da Economia a “manutenção do apoio à realização do Rali de Portugal como sinal inequívoco de que a Região do Norte e as suas gentes merecem do Governo de Portugal tratamento, no mínimo, idêntico ao que é aplicado ao resto do país”.

O Conselho Regional, órgão consultivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), rejeita assim a suspensão do apoio ao Rali de Portugal e “apela à não-concretização dessa intenção”.

No documento, manifesta também “estupefação face aos argumentos que estão a ser invocados” e recorda que em anos anteriores o Turismo de Portugal fundamentava a concessão do apoio na “forte visibilidade internacional do Rali de Portugal e na projeção do país como um destino turístico moderno, enérgico e que proporciona experiências surpreendentes”.

Lembra ainda que o Turismo de Portugal justificou a renovação do apoio nas edições anteriores com a “cobertura televisiva mundial de 60 horas, com transmissão para 50 países” e “uma audiência potencial de mais de 20 milhões de espetadores”.

“O Conselho Regional do Norte não pode aceitar que, coincidindo com a perspetiva de a prova regressar à Região do Norte de Portugal, esse apoio seja agora retirado com o argumento de falta de retorno em termos de projeção turística”, sustenta.

Segundo um estudo de 2013 sobre impacto do evento na economia de turismo citado pelo Conselho, o Rali de Portugal “gera em termos líquidos um fluxo total de 300 mil adeptos que asseguram 530 mil assistências ao vivo e atinge um impacto económico total de 101.734.770 euros”.

Também hoje o presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), entidade organizadora do Rali de Portugal, acusou hoje de “incompetência” os responsáveis governamentais ligados ao setor do turismo por, “sem fundamento” e numa “guerra contra o Norte”, retirarem o apoio à prova.

"Considero que é uma decisão de incompetência dos membros do governo que tutelam a economia”, afirmou à Lusa Carlos Barbosa, no dia em o próprio Automóvel Clube de Portugal (ACP) divulgou dados segundo os quais a prova proporcionou, nas suas sete edições, uma receita fiscal de cerca de 74,1 milhões de euros, gerados pelos cerca de 350 a 400 mil visitantes/adeptos anuais.

Na passada semana o Ministério da Economia anunciou que o Turismo de Portugal não vai apoiar financeiramente a edição de 2015 do Rali de Portugal nem a prova de WTCC, a realizar-se no Porto e justificou que tal decisão se deve a uma nova estratégia de promoção do país, focada na “captação de rotas aéreas e de parcerias com operadores turísticos e na adaptação da promoção externa ao 'marketing' digital”.