A África do Sul, não haja, dúvidas, está pronta para receber o Mundial 2010. A pouco menos de 60 dias para o pontapé de saída, as cidades anfitriãs têm em marcha uma gigantesca operação de ajustes de pormenor mas, no que respeita a obra de grande envergadura, tudo está pronto.

Os estádios ficaram concluídos antes do prazo previsto bem como as infra-estruturas de apoio. Mas quando se chega a Joanesburgo é visível, logo à saída do aeroporto, dá a sensação de ser uma cidade estaleiro. Há estradas que, no futuro, irão beneficiar as populações mas dificilmente irão estar prontas para o Mundial. Mas as vias de comunicação na África do Sul são boas e podem mesmo competir com algumas das principais cidades europeias tal como o Sapo Desporto pode constatar.

A circulação torna-se difícil nos pontos mais complicados nas horas de ponta mas, regra geral, conduzir nas estradas é relativamente fácil e seguro. Há, obviamente, cuidados acrescidos quando começa a escurecer, o que acontece cerca das 17h30.

No especial dedicado ao Mundial 2010 o Sapo Desporto dá a conhecer os estádios onde vai jogar a selecção portuguesa mas também as cidades anfitriãs. O que fazer para além dos 90 minutos de jogo. A viagem até à África do Sul é longa mas o país está pronto para oferecer mais do que apenas futebol.

Na realidade, o maior problema que os adeptos vão ter neste mundial tem a ver com as distâncias entre cidades. O avião é, certamente a forma mais simples de fazer os percursos que superam os mil quilómetros entre cidades, para acompanhar a selecção portuguesa. Isto claro, sem contar com a distância até Magaliesburg, onde a equipa portuguesa vai estagiar durante o Mundial 2010. Apesar de estar a “apenas” duas horas de carro de Joanesburgo, Magaliesburg é um local isolado, e sem grandes infra-estruturas de apoio para o público.

A segurança é, sem dúvida, o tema que mais preocupa adeptos e organização. Mas, apesar de em alguns locais da África do Sul poder haver alguns receios, eles não são maiores do que em relação a algumas ruas ou localidades da Grande Lisboa (ou de outras cidades da Europa).

Há locais onde, simplesmente, não é aconselhável ir. Principalmente à noite. Mas a polícia tem montada uma gigantesca operação de segurança que prevê, praticamente todas as situações e garantem, em entrevista ao Sapo Desporto, que a resposta será rápida e eficiente.

Para os sul-africanos existe uma dupla sensação com a organização do Mundial. Por um lado reconhecem os benefícios para o país ao nível das infra-estruturas, mas por outro questionam o elevado investimento na construção de estádios que, depois do Mundial 2010, ainda não têm destino certo. O difícil processo de aplicação para solicitar bilhetes também não ajudou a que o povo sul-africano conseguisse adquirir entradas para os jogos. Mas esse processo alterou a partir de dia 15 de Abril com a disponibilização dos últimos 500 mil bilhetes nas bilheteiras e as filas mostram que o interesse é grande.

Do lado da organização, existe a esperança que o campeonato do Mundo contribua para o crescimento do futebol sul-africano e, em consequência, a “ocupação” destes estádios por uma equipa residente. Mas não haja dúvida que, a todos os níveis sociais, se percebeu já a importância e visibilidade deste campeonato. A contestação dos funcionários públicos, que usam com arma colocar em causa o Mundial, é sinónimo desta percepção.

A África do Sul só há pouco tempo saiu do Apartheid mas, não haja dúvida, as diferenças raciais ainda se fazem sentir. O separatismo ainda é visível, apesar de em níveis diferentes aos registados antes de 1990, e as tensões raciais ainda estão inflamadas. Por isso, qualquer gota de combustível, (como as recentes declarações de Julius Malema, presidente da juventude do ANC), pode incendiar as relações entre a população. O caminho político, económico e social a realizar ainda é grande e o Mundial 2010 será, certamente, um contributo importante na melhoria da imagem e das condições sul-africanas.