Desde o início do ano, as alfândegas apanharam mais de 100 milhões de rands (mais de 10 milhões de euros) de artigos contrafeitos para o Mundial2010, indicaram os serviços aduaneiros sul-africanos.

"Nós detectámos um claro acréscimo de mercadorias ligadas ao futebol contrafeitas e a maior parte dos objectos apreendidos tinha sido fabricada na Ásia", indicou Mohamed Khader, da firma de advogados Spoor e Fisher, que representa a Federação Internacional de futebol (FIFA).

Numa centena de casos, foram instaurados processos judiciais.

Mas a vaga de imitações segue o seu caminho num mercado muito ávido, porque a esmagadora maioria dos adeptos de futebol não tem capacidade económica para comprar as t-shirts oficiais da FIFA, que custam 60 euros (575 rands em moeda local), o equivalente a seis dias de trabalho de quem receba o salário mínimo.

Nos bairros populares do centro de Joanesburgo, a capital económica da África do Sul, os vendedores ambulantes oferecem às claras conjuntos de equipamentos com as cores das 32 equipas participantes.

As camisolas da Inglaterra, do Brasil e, obviamente, da África do Sul são as mais procuradas, e transaccionam-se por 25 euros, o equivalente a dois dias e meio de trabalho com salário mínimo, uma verba mais acessível.

Desde o lançamento em Setembro de uma iniciativa oficial de apelo aos sul-africanos para que vistam todas as sextas feiras uma "t-shirt" verde e amarela dos "Bafana Bafana" (como é designada a selecção do país organizador), a procura destas camisolas não parou de crescer, explica um vendedor clandestino de Alexandra, uma cidade do norte de Joanesburgo.

"Não vos digo onde obtenho o meu fornecimento, mas posso dizer-vos que há procura para todas as camisolas neste momento", indica o mesmo vendedor.

Para ele, vale a pena o risco de três anos de prisão e 5 mil rands (522 euros) de multa por artigo contrafeito encontrado na sua posse: "Agora tenho dinheiro no bolso. Conheço pessoas que foram presas mas vale a pena o risco".

Entre os objectos contrafeitos, um dos que suscita maior entusiasmo é a reprodução da mascote "Zakumi", um leopardo de crina verde.

O Zakumi oficial é produzido na China, como a maioria das bandeiras distribuídas em massa antes da competição, apesar das críticas dos sindicatos, que lamentam que se desperdice a oportunidade de criar empregos num país onde um em cada três adultos está no desemprego.

"As empresas locais perderam, são as chinesas que ganham", sublinha Patrick Craven, porta-voz da confederação de sindicatos Cosatu.