Este alerta decorre de um eventual excesso de confiança do Brasil depois da goleada (6-2) infligida à selecção das "quinas", há dois anos: "Não ficámos com qualquer trauma. A eles, tudo lhes saiu na perfeição, ao contrário de nós. Esse jogo não é comparável com o que vamos fazer no Mundial. Além disso, já passou muito tempo e Portugal não é a mesma equipa dessa altura".

O lateral direito do Valência lembrou, ainda, o jogo particular de Fevereiro de 2007, em Londres, no qual Portugal venceu o Brasil por 2-0: "São jogos diferentes, mas ficaram com receio de nós".

Se Portugal for segundo classificado do Grupo G, tem fortes possibilidades de se cruzar com a Espanha (Grupo H), nos oitavos de final, confronto a evitar, mas Miguel diz que o inverso também é verdadeiro: "Vivo aqui em Espanha e posso dizer que eles também não querem encontrar-se com Portugal nos oitavos de final. Além da rivalidade que existe entre os dois países, eles sabem que temos um grande potencial. Não ficariam contentes, garanto".

Para Miguel, o que falta a Portugal para chegar longe na competição é "reencontrar-se como equipa", porque tem um "excelente grupo de jogadores, grandes individualidades", hipótese que acredita venha a acontecer pela motivação que constitui participar num Mundial, "ser visto por milhões de pessoas em todo o Mundo" e saber que "alguns desses milhões são portugueses.

O lateral direito português não alinha pela ideia mais ou menos consensual de que a Espanha é a grande favorita ao título: "Os espanhóis têm a selecção que melhor futebol está a praticar, mas não têm tradição. O favorito é o Brasil, pela história e pelo que fez e mostrou na Taça das Confederações".

Miguel sublinha, ainda, as candidaturas de Itália e Alemanha ao título, "pelo seu historial" e por serem selecções "frias e competitivas": "Para mim, as selecções que já ganharam o Mundial estão sempre mais perto de o voltar a ganhar e, por isso, incluo também a França e a Inglaterra".

"Nós já estivemos perto da final, em 2006, na Alemanha. Temos condições para lá chegar desta vez, pensando jogo a jogo e tendo um pouco de sorte pelo nosso lado", disse Miguel, rejeitando o rótulo de "potencial seleção surpresa" colocado pelos "media" em Espanha.

Reconhece que as coisas "não correram bem a Portugal na fase de qualificação", mas, alcançada esta, está convicto de que foi incutido "receio e respeito às grandes selecções".

Concorda com a ideia de que a estreia com a Costa do Marfim vai ser determinante e dá o exemplo do jogo inaugural com Angola, do Mundial2006: "Não fizemos uma grande exibição, mas ganhámos, o que teve o condão de nos tranquilizar, pois sabíamos que com mais dois empates ou uma vitória nos qualificaríamos para os oitavos de final".

No entanto, concede que a Costa do Marfim não é Angola: "Não, não é, têm três ou quatro jogadores nos melhores clubes do Mundo, vários pontos fortes, mas nós também os temos e o Portugal da fase de qualificação não vai estar na África do Sul".