“Desejo ao Carlos Queiroz e jogadores tudo de bom. Confio neles. Gostava que tivessem a humildade que nos é característica. Já não digo ganhar o mundial, mas fazer tanto ou melhor do que no último. O pessoal da Lageosa está todo a apoiá-los e espero que consigam dar muitas alegrias ao povo português que bem precisa neste momento de crise”, desejou João Martins.

O director do clube dos distritais da Guarda, que ficou célebre por perder todos os jogos na época passada, vários deles por mais de 10 golos de diferença, apelou à selecção para assumir “os melhores valores portugueses” - se assim for, acredita que “pode chegar à final e depois tem 50 por cento de hipóteses de a vencer”.

“Deve haver espírito de humildade e sacrifício. Pensar que se fico no banco é porque o treinador acha que há outro melhor do que eu. Por isso vou apoiar o meu colega e ajudar a que ele faça o melhor possível. O espírito português é mesmo esse, o sacrifício, o roer as unhas, aquela coisa toda”, vincou o responsável do clube, que tem “38 sócios pagantes”.

E, advertindo para excessos de confiança, acrescentou: “Que não vão para lá a pensar que somos os melhores. Somos apenas uma das equipa com hipóteses de chegar longe, se não virarem as costas à luta, correrem atrás da bola e comerem a relva”.

João Martins quis ainda associar-se à preparação da equipa das Quinas e deixou o desafio para um “joguinho-treino”: “Estejam à vontade. Liguem-me e até fazemos uma jantarada no fim”.

“Carlos Queiroz é português, conhece a realidade do nosso país e tem estudos. Que faça o melhor possível, o maior sacrifício em prol da selecção, para que saia de cabeça levantada”, concluiu.

Em Lageosa, o espírito de apoio à selecção está bem vivo e um bom exemplo é Maria do Carmo, auxiliar num lar de terceira idade: “Acredito que vamos longe, pois temos bons jogadores e o treinador também me parece bom. Como sportinguista, não gostei que deixasse o João Moutinho de fora. Espero que ponha os jogadores nos lugares certos”.

No rol de adeptos assumidamente do Benfica, a confiança não é tão forte e persistem alguma mágoa e desconfiança.

“É o meu coração a falar, mas o Benfica devia ter levado mais jogadores à selecção. E também começa a haver muitos brasileiros. Não quer dizer que sejam maus, mas começo a não me rever nesta seleção”, assume Joaquim Costa.

O proprietário de um café na aldeia considera que Queiroz “é autoritário e ainda não provou ser bom treinador” e lamenta que a selecção esteja “sem referências como Rui Costa, Figo e outros vários jogadores, que fazem falta”.

Já António Brandão desafia todos a “apoiar a selecção” e acredita que “Portugal pode fazer um bom mundial”: “Temos grandes jogadores, vedetas, que, pelo que ganham, também precisam mostrar que têm de trabalhar um bocadinho, não é só levar o dinheirinho”.