“Esta é a vida deles. Quando estamos lá (Coreia do Norte) também não podemos esticar as pernas, precisamos de um ‘interprete’. Eles não podem sair, o presidente não os deixa ter contacto com resto do mundo. Não podem usar telemóvel, computadores, não podem ir à internet”, relata “Ricky” Dias.

O cidadão português mestre de taekwondo fala da sua experiencia de duas semanas na Coreia do Norte, em 2004, quando descobriu um país “que vive como há 40 anos”.

“As pessoas aqui pensam que a Coreia do Norte e a do Sul é igual. Eu vi como eles vivem, parece há 40 anos. Um país comunista com casas antigas, sem ricos ou pobres, todos iguais. Ninguém tem bons carros. Andam de táxi e bicicleta. Não vestem como no resto do mundo. Há uniforme para homens e senhoras, preto e cinzento. Camisa e calças. 60 por cento do país está ligado ao exército. Trabalham para viver, não para fazer mais dinheiro”, conta.

Ricky Dias fala da determinação das autoridades em manter o mundo exterior fora do alcance dos habitantes: “Eles gostam muito da Coreia do Norte, mas só sabem o que se passa lá. Não têm experiencia do resto do mundo”.

“Quando lá estive, a primeira coisa que nos fizeram foi reter os telemóveis e computadores, que só nos devolveram no regresso a casa. Quanto aos mails, primeiro eram vistos por alguém e só depois os podíamos enviar. Eles vivem de forma básica e não se interessam pelas novas tecnologias. Vivem para ter dinheiro para a comida”, recorda.

Honrar o país no estrangeiro é algo fundamental para qualquer atleta: “Conquistar uma medalha de ouro em prova internacionais pode valer uma casa para a família, mas se não estiverem bem vão para casa a chorar, pois podem não ter comida ou casa”.

Ricky recorda que “as pessoas são muito simpáticas” mas que não há liberdade para falarem à vontade com estrangeiros.

Essa norma mantém-se na África do Sul, onde a equipa tem alternado o hotel com um local de treinos inserido numa desorganizada zona de exclusão social.

Ainda assim, a escola de taekwondo de Ricky Dias contribuiu para que essa realidade tivesse mudado um pouco, pois os seus alunos compraram à federação norte coreana vários bilhetes.

“A selecção teve direito a bilhetes, mas como ninguém pode viajar desde a Coreia do Norte os nossos alunos compraram-nos e com isso eles garantiram-lhes algum dinheiro. Ninguém os via na rua ou nos shoppings, mas agora já foram a Sandton (zona de Joanesburgo) e puderam apreciar um pouco melhor a vida”, concluiu.

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