O preço de referência fixado pelo Governo foi 300 francos cfa (0,46 euros) e a evolução que observado entre a abertura da campanha, a 15 de março, até 15 de maio "é um bom sinal", segundo o diretor-geral do Comércio Interno, Abdulai Mané.

O diretor-geral falava numa conferência de imprensa para o balanço dos primeiros dois meses da campanha de comercialização da castanha de caju de 2024, que perspetiva "muito melhor que as de 2023 e 2022".

A previsão para exportação aponta para as 230 mil toneladas, apesar de, como disse, observarem zonas na Guiné-Bissau onde as alterações climáticas, com o aumento da temperatura, estão a ter impacto negativo na produção.

A tendência do valor pago ao produtor, com preços "de 400 a 500 francos cfa", assim como os 575 francos cfa (0,88 euros) praticados na balança em Bissau, para onde é escoado o produto, é encarada como "um bom sinal".

O processo de escoamento foi iniciado a 10 de abril e até 15 de maio tinham sido escoadas cerca de 26 mil toneladas de castanha de caju de diferentes zonas do país para os armazéns de Bissau.

O Governo registou até agora cinco pedidos e emitiu as respetivas licenças para exportação e espera que "até ao final de maio saia o primeiro carregamento de navio para o estrangeiro" do porto de Bissau.

"A campanha está a correr a um ritmo normal e muito bom, o ambiente de negocio é favorável, a população está a acomodar-se com o preço", resumiu o diretor-geral.

Desde o início do processo tem havido algumas violações do preço, mas, segundo disse, "as equipas de fiscalização do Ministério (da Economia) em parceria com outras entidades do Estado puseram cobro a esta situação".

Em todas as regiões da Guiné-Bissau, já foram apreendidas nesta campanha "acima de 100 toneladas de castanha de caju, viaturas, motorizadas, motocarros, e animais".

Além da especulação dos preços, outra das violações detetadas é o contrabando para o Senegal, de acordo com as autoridades.

O diretor-geral assegurou que há equipas de fiscalização por todo o país e a patrulhar as fronteiras para "responder prontamente" às denúncias, mesmo nas zonas mais distantes.

Lembrou ainda que o Governo dá 20 % (do valor do produto) aos denunciantes e 30% à equipa de fiscalização, revertendo os restantes 50% a favor do estado.

O ministro do Comércio decidiu também visitar as zonas mais vulneráveis da Guiné-Bissau durante a campanha do caju, que deve prolongar-se por mais cerca de dois meses.

O Governo espera que "o preço possa subir ainda mais" e conta com o apoio e a colaboração das autoridades, sobretudo do Exército, da Guarda Nacional, da Alfândega e das Finanças "para que o ambiente possa correr de forma muito mais saudável".

O caju é o principal produto económico da Guiné-Bissau e o Governo espera arrecadar mais receita com a melhor campanha que se perspetiva para este ano, mas o diretor-geral não especificou montantes.

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