O jogo Dinamarca – Portugal era decisivo quanto à classificação directa para o Europeu. É verdade que a selecção de todos nós realizou a menos conseguida exibição da era Paulo Bento, pior ainda da que aconteceu em Chipre.

Tínhamos dito que a equipa que marcasse primeiro aumentava as hipóteses de vencer. Porque nos jogos decisivos, o percurso dos mesmos é o barómetro psicológico dos jogadores. Quando uma equipa marca, a ansiedade torna-se positiva, tranquiliza, entusiasma, motiva, transmite confiança, embala e o seu futebol começa a fluir com toda a naturalidade.

Ao contrário quem o sofre, desorienta-se, enerva-se, perturba-se, inquieta-se, inibe-se, fica ansioso, descrente…Os portugueses que já estavam impressionados pelo inicio diabólico dos nórdicos, pior ficaram quando sofreram dois golos em 10 minutos. O primeiro foi anulado, mas mesmo assim deixou mossa na esperança lusa. Portugal nunca mais se encontrou, desarticulou-se. A estrutura da equipa oscilou e perante o domínio dos dinamarqueses adivinhava-se o golo.

A equipa nacional abanou e não conseguiu anular a dinâmica dos nórdicos, que imprimiram uma velocidade, à qual aliaram um futebol envolvente com movimentações adequadas. A maioria dos nossos jogadores não teve capacidade para acompanhar aquele ritmo.

Em Copenhaga tudo correu mal à selecção, acontece. A nossa equipa defendeu mal desorganizou-se colectivamente, os médios alas não acompanharam os laterais escandinavos, o meio campo composto por jogadores lentos, foi constantemente superado pelos adversários.

A defesa via-se em palpos de aranha porque os vikings apareciam em igualdade e até em superioridade numérica. Frente aos nossos laterais surgiam dois adversários. Os centrais pela ausência de pressão do nosso meio campo andavam perdidos.

Em termos atacantes quase não criamos perigo. Contudo a partir dos 25 minutos equilibramos a partida e fomos á procura de empate e apesar de tudo tivemos possibilidade até para marcar, numa recarga de Nani e num remate espontâneo de Cristiano Ronaldo.

Na 2ª parte a Dinamarca defendeu compacta e foi sempre perigosa no contra ataque. Até porque Portugal na tentativa de chegar ao empate, jogou num 4x2x4, e se já antes era vulnerável a defender, mais fragilizada ficou e foi num contra - ataque que sofremos o 2º golo.

Os dinamarqueses continuaram determinados e dominantes, e mais ficaram quando bisaram. A nossa selecção não teve força anímica nem física para os acompanhar. E na fase final se não fosse o Rui Patrício tínhamos saído de Copenhaga com uma volumosa derrota. O golo de C7 foi tardio, se Meireles tivesse aproveitado a oportunidade que teve nos pés…Talvez?

O discurso dos portugueses antes da derrota em Copenhaga era positivo face ao comportamento e às vitórias da equipa de todos nós. Dizia-se que Paulo Bento tinha recuperado o apoio à equipa das quinas, que tinha devolvido o prestígio à selecção. Os portugueses acreditam na selecção e em Paulo Bento, o qual conseguiu uma recuperação sensacional, venceu todos os 5 jogos para o EURO 2012, ao contrário de Carlos Queiroz que em 2 jogos perdeu um e empatou o outro, (3-3) contra o Chipre em Portugal.

Contudo a opinião pública mudou, mas não tem razão para tal. Todavia o discurso passou do 80 para o 8. Em parte influenciada pelos comentários especulativos de “especialistas” a criar cenários virtuais. A partir da derrota na Dinamarca diz-se mal de tudo e de todos, censura-se a atitude dos jogadores, as tardias substituições de Paulo Bento. O treinador e os jogadores antes elogiados, agora já não prestam? E pasme-se até se fala que o abandono por iniciativa própria de Ricardo Carvalho e a não convocação de Bosingwa, são o motivo desta situação. Francamente!

Porém estes casos que deveriam ser ignorados, inexplicavelmente são discutidos e escalpelizados à ínfima. O primeiro não tem discussão, pois nenhum jogador pode considerar-se titular e nem deve por em causa as escolhas do técnico. E muito menos ausentar-se do estágio da equipa do seu país, sem dar cavaco a ninguém. Colocando o egoísmo, à frente dos interesses da selecção. Não só foi incorrecto para com o treinador, como também o foi para com os colegas.

O caso de Bosingwa, deve ser similar? Porque este jogador parece que já tem antecedentes, a nível de clubes, pois recusou jogar numa posição que não lhe agradava. Não está em causa o valor destes dois excelentes jogadores. O comportamento, a atitude e a forma indisciplinada de quererem fazer o que lhes apetece é que é inadmissível. Estas situações de indisciplina são incompatíveis e intoleráveis. Paulo Bento agiu em conformidade. Nenhum jogador tem o estatuto de intocável!

Aliás o excelente trabalho desenvolvido por Paulo Bento não pode ser beliscado por esta derrota. O treinador é o mesmo, os jogadores também, mas são estes que têm de desempenhar o que lhes é sugerido, não conseguiram, tudo saiu mal. O treinador é o maestro escolhe a pauta, mas desta vez a orquestra estava desafinada e até os melhores solistas ficaram-se pelas fífias.

O sorteio designou-nos como adversário do Play - Off, a Bósnia. Eu acredito que mais uma vez ultrapassaremos os bósnios, e estaremos na fase final do Euro Polónia - Ucrânia. Acredito na equipa técnica e nos jogadores. Paulo Bento no dia 11 de Novembro já contará com Fábio Coentrão, Pepe, Hugo Almeida e com um Cristiano Ronaldo a 100%, segundo o jornal “A Marca” de ontem, este nosso grande jogador está a jogar com problemas na coxa e em ambos os gémeos.

Tenho fé, porque sei por experiência própria que os jogadores da selecção estão feridos no seu orgulho. E este Play - Off é a redenção, o expiar das faltas que todos já assumiram. Creio que frente à Bósnia, os jogadores vão dar tudo por tudo, “até comem a relva”. Vão mostrar que são dignos de representarem Portugal. A capacidade volitiva vai realçar a força anímica do grupo, a atitude, a entrega, a vontade, a determinação, a crença, o querer, e o entusiasmo transmite confiança e produtividade. E nós os portugueses vamos jogar por fora.