Quando as equipas portuguesas jogam em provas europeias devemos desejar que elas ganhem e dignifiquem o futebol nacional. Esta 5ª jornada da Liga dos Campeões foi excelente. O Benfica garantiu a continuidade e está a um passo de garantir o primeiro lugar no grupo, o que lhe garante defrontar um segundo classificado e desta forma evitar nos oitavos equipas como: Real Madrid, Barcelona, Bayern, Arsenal… 

O Benfica já tínhamos previsto inicialmente que seria uma das duas equipas do grupo C a continuar em prova, só não contava que o intrometido Basileia pusesse em causa a presença do Manchester United nos oitavos de final. 

O mesmo vaticinei para o FC Porto e tudo indicia que acontecerá. Mas na realidade os meus favoritos para seguirem em frente eram o FC Porto e o Zenit. Todavia o surpreendente e atrevido Apoel conquistou com todo o mérito o primeiro lugar no grupo G e deixa para os meus escolhidos o problema da manutenção na Liga Milionária. 

Antes do jogo na Ucrânia, o que parecia mais interessante para grande parte da comunicação social era se Vítor Pereira continuaria no FC Porto. Aliás, fui questionado sobre esse assunto e respondi com convicção que o Porto nesse jogo seria uma equipa diferente e que venceria o Shakhtar e que a continuidade do treinador sairia reforçada. 

Na vida e no futebol existem momentos que definem e determinam o futuro das pessoas. Neste caso a vida do FC Porto na Liga dos Campeões. Observando-se que a equipa não estava a realizar as exibições dignas do passado recente do clube, colocava-se a pertinente interrogação: se os jogadores são os mesmos com a exceção de Falcão, se o treinador fazia parte da equipa técnica, porque é que a equipa não funciona?

Há quem diga que Vítor Pereira e Villas-Boas eram irmãos siameses, na época anterior o primeiro treinava e preparava muito bem a equipa - era o corpo -. O segundo era o marketing, vendia o produto, tinha um discurso fluente e motivador, era a alma. A separação parece não ser benéfica para ambos. A realidade mostra-nos que as coisas este ano estão diferentes, no Dragão, e acontece o mesmo no reino dos petroeuros do Chelsea.

Na Ucrânia o momento era de alerta e sem obra não há discurso que aguente. A Liga Milionária faz jus ao nome, é uma prova na qual os clubes consoante a manutenção e progressão na competição usufruem verbas muito significativas, ou seja, milhões de euros, que ultrapassam os 50 milhões se chegarem à final. Tem de se dar mais importância a esta prova. A crise é geral e os clubes de futebol estão inseridos neste fenómeno financeiro - o crédito mal parado - gastam mais, muito mais, muito acima das receitas.

Diz-se que Pinto da Costa foi ao balneário antes do jogo, e naturalmente vai sempre. Mas neste encontro foi pôr os pontos nos is. Não se sabe se discursou, mas bastou a sua presença para os jogadores sentirem que estava na hora de despertar. Neste futebol mercantil, os jogadores contemporâneos fazem birras, o clube promove-os, projeta-os e eles depois querem sair, para ganharem mais. Quando isso não acontece ficam contrariados.

Os jogadores sabem que se continuarem nesta montra, o seu valor sobe e a sua cotação valoriza-se. Mas para isso tinham de se convencer que para lá da técnica e da táctica, o fundamental era capacidade volitiva: o querer, a vontade, a determinação, a entrega, a atitude de conquista e um comportamento rigoroso. 

E de facto o que se viu foi uma equipa com confiança, motivada, empolgada, entusiasmada onde os jogadores se transcenderam. O FC Porto venceu e no dia 6 de dezembro, no Estádio do Dragão, tem tudo para “disparar" para o segundo lugar. 

Se tal suceder teremos duas equipas na Liga dos Campeões, o que valoriza o futebol que se pratica em Portugal, os clubes portugueses e os profissionais estrangeiros que os representam.