Quando troco impressões com o meu amigo Manecas a respeito do que se diz e escreve sobre o futebol, debatemos algumas frases sem nexo.

Desta vez, e porque o desenrolar do jogo o proporcionava, abordamos a frase que até alguns treinadores já usaram:“Eles jogam no nosso erro”.

Quando deveriam dizer: vamos tentar não errar, e impor o nosso jogo para forçar o adversário a cometer incorreções. Claro que os erros acontecem no futebol. Uns são aproveitados outros não. 

Este preâmbulo vem a propósito das várias incorreções cometidas no jogo de ontem. Todos os golos saíram de erros de posicionamento e equívocos técnicos. Existe algum mérito de quem marcou, mas muito mais demérito de quem sofreu. No golo do Paços, Jardel por estar mal posicionado, não abordou corretamente o duelo com Cícero. Nos golos de Lima. Cássio no primeiro errou ao largar a bola para a frente. E no segundo, cinco jogadores do Paços dirigiram-se precipitadamente para o seu corredor lateral esquerdo, abandonando a zona frontal onde Salvio e Lima estavam soltos, e este último facilmente marcou.

Se os golos marcados foram erros de “ofertas” de quem os sofreu. O mesmo não se poderá dizer dos golos desperdiçados. Pois foram falhas flagrantes dos avançados do Benfica. Lima desaproveitou dois remates, Salvio esbanjou dois golos, e Gaitan perdeu um. 

Tantas oportunidades amigo, parece que foi um grande jogo? Manecas, como treinador, achas que este futebol empolgou? - Como já afirmei várias vezes, Jesus é o melhor treinador em termos táticos. Mas as coisas ainda não estão a funcionar coletivamente.

Ao opinar sobre o jogo, JJ dissecou várias situações. Sobre as medidas do campo, não tem razão. Pois o Estádio da Luz é igual em comprimento e só tem mais 4 metros de largura. Porém foi sagaz na forma como desculpou a má exibição da primeira parte: «Sabia que, se não pudéssemos jogar bem tecnicamente, tínhamos de lutar lance a lance».

No desgaste da equipa adversária teve toda a razão. Os jogadores nucleares foram perdendo força física e o Paços caiu rotundamente, com exceção dos minutos finais.

Taticamente o modelo do futebol do Benfica é o mesmo, mas a dinâmica, os envolvimentos, e as movimentações são diferentes. Os intérpretes tardam em adaptar-se à passerelle, daí terem momentos de altos e baixos na sua performance. Não é por acaso que o Benfica ainda não repetiu inicialmente a mesma equipa. Jesus tem a perceção do que deseja, mas ainda não encontrou o onze ideal. Contudo o Benfica mesmo sem se exibir ao nível das outras épocas vai ganhando. Mas há ali muita coisa que ainda não foi feita. Jesus acabará por encontrar a estratégia correta. 

O amigo já analisou os prós e os contras da colocação de Matic quando faz de terceiro central? O Manecas é que sabe disto! Acho que é uma situação positiva, pois liberta os avanços dos laterais.– E as partes negativas, o amigo já as descortinou-? Não. – Na próxima vez que observemos juntos o Benfica explicar-lhe-ei. - O Amigo não notou a pouca sintonia entre os dois pontas de lança?- Sou um leigo, mas hoje até li que o Rodrigo e o Lima falam a mesma língua. – Eu referia-me à importância de ambos poderem desenvolver, quatro a cinco deslocações combinadas entre si, para destabilizarem os centrais-? Ah não sabia! – O amigo sabe que as trocas de posição entre os médios alas, e os dois pontas de lança podem desorganizar por completo uma defesa?-. É pá Manecas, isso é muita areia para a minha camioneta.