Ontem a seleção nacional perdeu por 1-0 na Rússia. É verdade que nem os jogadores realizaram exibições ao seu nível nem o coletivo funcionou corretamente! O erro de Ruben Micael, acontece a todos, contribuiu, mas não foi determinante para o resultado final. Sofremos o golo aos 6 minutos e ainda havia mais 88 para jogar com os 4 minutos de tempo extra. Se durante o jogo só tivéssemos cometido este erro tínhamos dado a volta ao resultado!

Claro que Fábio Capello é um treinador pragmático, eu diria mais que é um treinador conservador e desatualizado. Sempre disse que «para os treinadores de futebol é mais fácil destruir que construir. É mais acessível ensinar a defender do que ter ideias para criar planos ofensivos. Defender está ao alcance de qualquer banal treinador, e Capello é o perfeito exemplo disso. A seleção russa num passado recente praticava um futebol de ataque bonito de se ver. Ontem, os russos deram a imagem de como não se deve jogar futebol. Depois do golo só defenderam e mal, com alívios de qualquer maneira, do género “para onde estavam virados”, sobretudo nos lances de seguimento de bola parada. Mas nós não soubemos aproveitar. Regressar ao Catenaccio é um retrocesso e a própria descaraterização do futebol russo.

É verdade que tivemos mais bola, mas de que nos serve isso se não lhe damos o destino certo? Tivemos mais cantos (dois deles estudados), de um saiu o lance mais perigoso. Remate de Bruno Alves. Alguns analistas disseram que os jogadores russos pressionaram muito? Bem, se correr rápido em direção do portador da bola e depois parar a dois metros de distância e ficar a olhar para ele? Vou ali, (apago a TV e a rádio e arrumo os jornais), e já venho! Com que então Ruben Micael estava a ser pressionado quando entregou mal a bola a Shirokov?

Jogar praticamente todo o jogo no meio campo adversário torna-se mais difícil pela falta de espaço, é mais complicado do que atuar por todo o campo. Este espartilho exige uma animação de envolvimento ofensivo muito mais célere e dinâmico. Jogar lentamente dá azo à prática de um futebol previsível, e por isso fácil de anular. A equipa nacional não encontrou a solução para responder a esta situação!

O futebol é um jogo de contradições. Pode-se dominar e conquistar território mas sem conseguir marcar golos. É frustrante. A supremacia foi evidente, mas insuficiente. Não desequilibrou nem gerou fulgurantes oportunidades de golo. No final dos jogos, as análises dos responsáveis são justificadas. Paulo Bento, ao contrário de outros que fazem análises ficcionais, é pragmático, realista e desculpa-se pouco e por isso é congruente.

Não ganhámos por vários fatores: erramos, fizemos passes a mais, rematámos mal, (exceção no lance de Bruno Alves), jogámos sem ritmo e sem a velocidade adequada para sair daquele labirinto defensivo e os jogadores do meio campo não foram criativos, pois não serviram os avançados com passes apropriados. Tenho muita dificuldade em escolher o melhor jogador português em campo? Se a avaliação é na base de quem cometeu menos erros então Rui Patrício foi de longe mo melhor!

Se ontem alguém tivesse visto o Cristiano Ronaldo jogar pela primeira vez e lhe dissessem: este é o melhor do Mundo! A resposta era: está a brincar comigo? Cristiano Ronaldo para ser o melhor jogador do Mundo tem de manter um contínuo auto nível exibicional em todas as competições para igualar o seu rival, que ontem marcou dois golos pela seleção Argentina. Talvez a recente lesão no ombro o deixasse fragilizado? Se estava lesionado é de louvar a atitude de jogar? Mas que isso não o beneficia lá isso não! A seleção tem, e deve, evoluir, mas para que assim aconteça é preciso que os jogadores se superem em cada jogo para que a equipa mantenha ou eleve continuamente a produção anterior. Infelizmente, não tem sido o caso esta época!