A equipa de Vítor Pereira está a atravessar por um bom momento. O FC Porto está em crescendo. Se já no Estoril o aumento do nível exibicional se notou na segunda parte. Ontem, frente ao Marítimo, melhorou ainda mais a qualidade do seu futebol, ao exibir-se durante os noventa minutos a um alto nível. 
É verdade que o Marítimo foi uma equipa que se desmoronou logo após o golo madrugador, e nunca mais se encontrou. No futebol há o mito que «uma equipa joga o que a outra deixa jogar». Claro que o Marítimo deixou jogar, mas os Dragões jogaram muito, e não deixaram respirar os ilhéus. Pedro Martins diz que «tudo falhou».Notou-se. As falhas acumularam-se, não foram só individuais, também existiram lacunas coletivas.
Não se compreende que quando James infletia para o corredor central, Rúben Ferreira não o acompanhasse. James, mesmo marcado, é um dos cérebros mais esclarecidos dos azuis e brancos, quanto mais deixando-o à vontade. Marcou dois golos podia ter feito mais um, e ofereceu o golo inaugural ao seu compatriota. No excelente golo de Varela, Briguel e João Luiz em vez de tentarem o desarme esperaram e foram ultrapassados pela técnica em velocidade do marcador. Os madeirenses foram muito “macios”. Não pressionaram como se vê pelo número de faltas que cometeram. Onze em todo o jogo. 
Mas se o Marítimo cometeu erros inadmissíveis. Isso, em nada belisca o mérito da equipa e dos jogadores do Porto. A equipa parece outra, está mais segura, mais rápida, mais esclarecida, mais coesa e mais criativa. E desta forma a qualidade de jogo flui naturalmente. A qualidade dos intérpretes é a base de um bom coletivo. 
A defesa perante um Marítimo inócuo nas ações ofensivas praticamente esteve mais ativa a atacar do que a defender.
O trio ofensivo do meio campo, foi um espetáculo na circulação de bola. O primeiro golo é uma ode ao futebol bem jogado, a bola circulou ao primeiro toque por vários jogadores até ao passe para golo de James para Jackson. Com o desvio de James para o centro este setor fica com três elementos que imaginam futebol: James, Lucho e João Moutinho que ontem foi para mim o melhor entre os melhores. 
Também é de realçar a forma correta como os “avançados” se movimentaram na procura de zonas livres para receberem os passes e marcarem os golos. Em quatro dos golos, os marcadores apareceram na área em frente da baliza. O importante para marcar não é estar na grande área é aparecer lá. Esta mecanização deve-se ao trabalho de Vítor Pereira e à inteligência dos jogadores.