É já no domingo que se realiza o tão aguardado Benfica-FC Porto. Este jogo para muitos pode ser decisivo quanto à questão do título de campeão nacional. Penso que o campeonato não se resolve à 14ª jornada, quanto muito o resultado poderá em termos psicológicos motivar e criar um certo conforto ao vencedor. Se houver vencedor...

É sabido que o futebol é um fenómeno social que entusiasma e agrega multidões, por isso e dada a importância que este jogo está a despertar entre os adeptos não admira que o Estádio da Luz esteja repleto. 

Também esta semana toda a comunicação social e os comentadores discutirão e analisarão até à ínfima o clássico entre as duas melhores equipas do país. 

Como o Estoril defrontou recentemente o FC Porto e ontem o SL Benfica logo se levantou a questão de se tentar comparar os resultados obtidos por ambas as equipas. Qual é a melhor equipa? O jovem treinador Marco Silva foi clarividente na resposta: «O Estoril hoje esteve menos bem do que perante a equipa do Dragão». É evidente, pois não existem jogos iguais.

Aliás o jogo de ontem esteve longe de ser um bom espetáculo de futebol. Nem o Benfica repetiu as recentes exibições, nem o Estoril esteve ao nível do que conseguiu perante o Porto. 

Este jogo valeu pelos três magníficos golos, reflexo da excelente execução técnica dos avançados do Benfica. E também pelos erros de posicionamento e de uma incorreta oposição dos defensores do Estoril. O golo dos da casa foi uma oferta do “rei” Artur. Em dia de Reis.

Ontem um dos méritos do Benfica esteve na pressão contínua dos seus jogadores sobre o portador da bola e dos possíveis recetores. Rápidos e acutilantes a anular as jogadas do Estoril. Em termos coletivos as águias raramente voaram em bando. Mas individualmente e no aproveitamento de bolas paradas resolveram o jogo.

Sabe-se que 90% das jogadas atacantes do Benfica partem dos três centrais, Garay, Jardel e Matic, que recua. Os recetores são os defesas laterais, é pelos corredores exteriores que o Benfica começa os lances de ataque, os quais têm como fundamento as jogadas de entendimento entre os médios alas e os laterais, e como finalidade os cruzamentos para os avançados. Mas ontem raramente funcionaram. Exceção do excelente passe de Gaitan para Lima e de uma finalização de Malgarejo, na qual esteve perto de marcar. Claro que quando o coletivo não resolve a técnica e inteligência individual dos jogadores, tal como ontem, são preponderantes.

O Estoril, que costuma sair com um certo planeamento nas jogadas de contra ataque, ontem raramente o fez. Não aproveitou nem carrilou o jogo pela zona mais frágil do Benfica. Ao invés, utilizou muito o futebol direto na procura dos avançados, o qual terminava quase sempre na defesa do Benfica. Daí praticamente não gerou uma jogada de perigo.

Jesus é um bom estratega e faz algumas coisas diferentes. No futebol o imprevisível surpreende os adversários. Jesus ao utilizar Salvio na maioria das vezes na zona central do campo baralha as tradicionais marcações dos opositores e cria situações positivas. Ontem, Salvio organizou alguns lances jogando pelo meio, marcou um golo e teve mais duas oportunidades para marcar.

O futebol do Benfica ofensivamente tem uma dinâmica muito forte baseada nas movimentações, dadas as trocas de posição dos seus jogadores. Mas o Benfica também tem os seus pontos fracos. Mas o que me surpreende é, porque será que os opositores, os quais tem colaboradores que estudam o jogo dos adversários, ainda não tenham descoberto como se deve jogar para atenuar a avalanche atacante do Benfica e para desequilibrar defensivamente o seu futebol?