Jorge Jesus trabalha bem as alternativas táticas e fez do Benfica uma equipa de predominância atacante. O treinador do Benfica cria estratégias diferentes para cada jogo, mas todas elas têm um denominador comum: jogar ao ataque. As iniciativas táticas, quer coletivas quer individuais, visam ultrapassar a organização defensiva e as marcações dos adversários.

Contudo, no futebol por vezes mesmo os planos mais bem elaborados nem sempre resultam na prática. Sobretudo quando o opositor contrapõe com uma forte estrutura defensiva, como ontem aconteceu na primeira metade, na qual o Moreirense conseguiu em grande parte neutralizar o habitual caudal atacante do Benfica.

Jesus sabia que das poucas equipas que travaram o seu futebol, o Moreirense era uma delas, pois na Taça da Liga empatou meritoriamente com o atual líder. Para tentar surpreender e penetrar na barreira defensiva dos cónegos, o treinador do Benfica idealizou três alternativas: criar amplitude, baralhar as marcações, e fomentar a ligação entre os pontas de lança.

A amplitude não resultou em pleno, o corredor direito foi menos eficaz, Salvio bem derivou para o centro para combinar jogadas de pré-finalização com Maxi, mas o uruguaio não atravessa um bom momento. Na ala oposta, Melgarejo foi mais acutilante, apesar de não existir um médio ala fixo, pois Lima e Gaitán alternavam: quando um se deslocava para a extrema, o outro infletia.

Das três opções a que melhor resultou foi a alternativa de baralhar as marcações. A ideia era boa, pois Lima movimenta-se de forma inteligente, e Gaitán, dada a sua técnica em velocidade, é um "rompedor" nato. Na primeira metade, Gaitán esteve na origem das raras oportunidades do Benfica, mas a segurança defensiva dos cónegos esteve quase irrepreensível.

Sem cruzamentos das alas, a produtividade goleadora de Cardozo desce consideravelmente. Ontem quase não se deu por ele em campo. A ligação entre pontas de lança, só funcionou uma vez quando Cardozo rematou forte para Ricardo defender com dificuldade.

O Benfica foi sempre dominador, por isso antevia-se que mais cedo ou mais tarde marcaria. A segunda parte não podia começar melhor para o líder. Salvio pressionou e entre três oponentes tirou-lhes a bola e arrancou imparável para inaugurar o marcador. Perante estas equipas fechadas o que custa mais é marcar o primeiro golo. O Benfica marcou e o Moreirense “acabou”.

O Moreirense tentou o empate, abriu-se, desmoronou-se e o jogo atacante do Benfica fluiu mais calmo entre espaços mais amplos. Após o golo de Salvio o jogo desequilibrou-se e quando Lima aumentou a vantagem o Benfica descontraiu-se e controlou o jogo a seu bel-prazer.