Existem dois estádios de futebol em Portugal que assustam e atemorizam as equipas visitantes. Um é o ninho das Águias e o outro é a caverna dos Dragões.

Reza a história que ambos roubam todos os sonhos imagináveis e todos os pontos na disputa com os oponentes. A realidade, que já se vai tornando lenda, é que também lhes batem sem dó nem piedade. Ontem, os discípulos de Gil Vicente sentiram no fundo do “Auto da Alma” a tareia de 5-0.

Os jogadores do Gil Vicente tinha consciência das dificuldades que iriam encontrar no Dragão, por isso tentaram atuar muito juntinhos no seu meio-campo para se defenderem dos ataques dos dragões. Mas o receio era tanto que lhes tirou o discernimento. Os dragões logo de início expeliam jogadas de fogo, e aos 12 minutos já venciam por 2-0.

O pânico era tanto que no primeiro golo estavam quatro elementos de Barcelos, os quais por pavor ou por outra razão qualquer não atacaram Danilo, e este marcou. No segundo Otamendi ia a cruzar, mas um defensor assustado que nem sabia de onde a bola vinha introduziu-a na própria baliza.

Esta coisa de defender à zona é um perigo, quando não se faz corretamente. Dado que  na maioria das vezes os adversários jogam mais atrás ou mais à frente das duas zonas horizontais, e os defensores só veem jogar, ou seja, “cheiram a bola”. É óbvio que quando se defrontam adversários de técnica apurada como são os campeões, é preciso pressionar, não só o portador da bola como também os possíveis recetores. Não admira pois que a posse de bola do Porto na primeira parte fosse de 83%.

O Gil Vicente foi talvez o adversário mais fácil que o Porto defrontou nesta época no Dragão. Jogou como sabe e como quis. Sabendo que estavam a um golo de ultrapassarem o Benfica e conquistarem a liderança, os azuis e brancos no reinício mantiveram a mesma atitude dominante mesmo sem grandes pressas, mas com imensa consistência que lhes proporcionou dilatar o marcador.

Defour, que é Dragão para várias regiões - pois joga nos três corredores, umas vezes com a missão de defender, outras com a tarefa de atacar - fez um golo que é um exemplo para os colegas. Simulou o remate, o lateral encolheu-se como fazem todos nas simulações, e o belga veio para o meio e soprou fogo.  

Se o jogo estava a ser um passeio de futebol nos caminhos que o Porto desbravou, com a expulsão de Cláudio mais fácil ficou a caminhada e não admira que mais dois golos surgissem. Um por Varela e o outro por Jackson Martínez, que consolidou a liderança de melhor marcador. Por falar em liderança antevê-se que as goleadas serão o fiel da alternância da mesma? Porque a decisão por pontos, só no confronto direto...