Quem viu o Porto frente ao Málaga e quem o viu neste jogo com o Rio-Ave fica com a ideia que existe um Porto para os jogos internacionais e outro para o campeonato. De facto, ontem os Dragões nem de perto nem de longe evidenciaram a exibição anterior.

Na primeira parte, os campeões apresentaram o mesmo tipo de futebol, mas em câmara lenta em que faltaram ideias e velocidade para superar um muito bem organizado Rio Ave. Os minutos iam passando, o Porto circulava a bola mas de forma previsível e anulável, sem mudança de ritmo. E sem acelerar, era difícil criar situações de golo frente a um Rio-Ave que defendia com onze, e que ameaçava esporadicamente em lances de contra ataque.

Até que finalmente surgiu a primeira oportunidade para o Porto inaugurar o marcador. O árbitro, depois de Filipe Augusto ter derrubado Izmailov dentro da grande área, assinalou grande penalidade. Mas eis que Jackon Martinez, o goleador do campeonato, pensou em marcar um golo diferente e acabou por entregar a bola a Oblak. Se o jogo não estava a correr bem, pior ficou quando Maicon e Helton ficaram a ver Braga por um canudo a executar um golo de grande classe.

Por momentos, o fantasma do Olhanense pairou no espírito dos Dragões. Perder pontos nesta altura do campeonato não estava no programa. O Porto por momentos estrebuchou, mas rapidamente estabilizou ao ver o árbitro marcar outra grande penalidade. Desta vez, Jackson redimiu-se e fuzilou as redes.

O intervalo serve para o treinador retificar o que está mal. Vítor Pereira analisou e explicou aos jogadores que para vencerem era necessário imprimir mais velocidade, e decidiu introduzir o esclarecido James Rodriguez. Na segunda parte, o futebol dos Dragões foi mais rápido e mais esclarecido o que permitiu a criação de várias situações para marcar. E numa delas, o pensador e criativo “el bandido” elaborou o golo da vitória.

Neste período, o Rio-Ave quase só defendia mas poderia ter marcado por duas vezes. Numa delas, depois do árbitro achar que o derrube de Otamendi a Ucra não era passível de grande penalidade, o remate de cabeça de Marcelo quase provocou um arrepio, não de frio, mas de preocupação aos adeptos portistas.

Será o futebol mais fácil  de estruturar do que explicar? Pelo menos, é o que aparenta quando escutamos as justificações finais dos treinadores. Nuno Espírito Santo foi simpático, falou de justiça mas não se referiu à arbitragem. Vítor Pereira ainda pouco refeito do susto tentou justificar a exibição menos conseguida  com um «quer queiramos quer não depois dos jogos europeu o desgaste ao nível emocional é muito grande» e também mandou um recado ao dizer: «gosto também porque são instantes que irritam os que acreditam que o futebol se joga no quadro dos treinadores, entre linhas, bloqueios, esquemas táticos e demais aborrecimentos. Não joga».