Num trabalho anterior já tinha aconselhado as equipas mais fracas a jogarem taco a taco, mesmo com os dois grandes. Por várias razões. Uma delas é que deveriam pôr em prática as duas valências do futebol.

Defender? Quando não têm a bola devem fazê-lo de uma forma equilibrada e organizada. Atacar? Sempre que tenham o esférico devem construir lances ofensivos para tentar surpreender o opositor. Convidar as equipas recheadas de ótimos executantes a atacar é haraquíri pois acabam quase sempre por perder.

Ontem, o Beira-Mar transmitiu um ótimo exemplo pois jogou “olhos nos olhos” com o candidato e no final apresentou uma estatística superior. Mais remates e mais posse de bola. Mas isso não é suficiente. No futebol, o marcar mais golos é que decide o vencedor. Para além dos golos, a superioridade constata-se pela capacidade técnica dos jogadores, pela forma como interpretam os princípios de jogo, pela estratégia, pela qualidade do jogo de equipa e pela criação de oportunidades de golo.

Neste contexto, o Benfica foi superior em todos os aspetos, exceto na interpretação dos princípios de jogo, pois neste item as equipas equilibraram-se nos demais. Era natural que os milhões que custaram os jogadores do Benfica superassem aos tostões dos do Beira-Mar, embora nos aveirenses militem pelo menos três grandes futebolistas. A estratégia e a qualidade de jogo usufrui da classe dos intérpretes. O maior número de oportunidades pertenceu ao Benfica- quatro contra uma.

Quanto à estratégia, ambos apresentaram um 4X4X2. Haverá ainda algo mais por explorar neste modelo? Talvez. Quando os treinadores estudarem, investigarem, descobrirem e criarem as várias movimentações possíveis, este sistema tornar-se-á num quebra-cabeças para os opositores e uma fonte de golos para quem o reinventar. Enquanto esperamos que isso aconteça, explicamos que o sistema apresentado pelo Beira-Mar funcionou parcialmente na organização ao colocar mais jogadores no meio campo o que permitiu à equipa de Aveiro ter mais posse de bola. Mas em termos atacantes foi vulgar de Lineu.

Jesus, nas ações ofensivas, procura sempre tirar vantagem da variante interpretada por Lima, a qual, dadas as movimentações sincronizadas umas vezes com Sálvio e outras com Ola John, confunde as marcações das defesas. Contudo, quando o domínio das águias não é contínuo, nem acutilante, a equipa perde o controlo do meio-campo. Quem diria que Costinha, um estreante, obrigaria Jesus a mudar a estratégia para 4X3X3 de modo a equilibrar o jogo e a segurar o magro resultado.

Nesta altura do campeonato todos os cuidados são poucos, quer para as equipas que lutam pela sobrevivência, quer para as que desejam o título. No caso do Beira-Mar ficamos na expectativa, e aguardamos a continuidade exibicional, pois Costinha, em termos táticos e motivacionais, despertou a equipa. Em relação aos candidatos ao título, Porto e Benfica, neste passado recente, têm descido na produção qualitativa. É urgente que regressem ao melhor nível para gáudio dos seus adeptos, e para não serem mais vezes surpreendidos no percurso para o título.

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