Jesus antes do jogo afirmou: «O que é preciso é ganhar, nem que seja por meio a zero». À afirmação do treinador do Benfica faltou-lhe acrescentar que, regularmente, para se vencer, é fundamental jogar bem.

Vítor Pereira antes da visita a Coimbra anunciou: «O jogo com a Académica é decisivo». Esta frase do técnico do Porto é ilógica por derrotista, pois o jogo só seria decisivo se o Porto perdesse.

Nesta fase, o Benfica apresenta um futebol muito superior ao do Porto. As águias continuam seguras no poleiro. Nesta jornada manteve a distância de 4 pontos e aumentou a diferença de golos para 7.

O Porto - com James, João Moutinho e Izmaylov - dominou a seu belo prazer os cábulas estudantes, os quais há seis provas que não acertam uma resposta positiva. A Académica na primeira parte só por uma vez rematou. Os Dragões voltaram a apresentar a sua filosofia de circulação de bola e mesmo numa toada lenta marcaram 3 golos e poderiam ter feito mais três. Mas o nível exibicional nada tem a ver com o seu período áureo, no qual se dizia «que o Porto era coletivamente a melhor equipa».

A quebra dos Dragões vem confirmar que em futebol tudo se altera num ápice. Contudo, neste momento a realidade é que o Benfica lidera o campeonato com uma cómoda vantagem. O Benfica nem sequer olha para trás, vai em frente. Ontem, praticou um futebol de qualidade, digno de um verdadeiro líder. Como é habitual, apresentou-se com a sua vocação ofensiva, muito difícil de travar. Apesar de continuar a carrilar o seu jogo pelos corredores laterais, também o corredor central está mais interventivo. Matic já não faz de central, joga ao lado de Enzo e desta forma ambos defendem e municiam os arietes e eles mesmos marcam golos.

O Rio Ave apareceu na luz com uma estratégia que visava anular o poder atacante das Águias. Nuno Espírito Santo, ao predispor a equipa num 5x3x2 defensivo, o qual se transformava num 3x4x3 atacante, arriscou demasiado. Este modelo tem de ser muito trabalhado e não se pode preparar de uma semana para a outra. Esta forma de jogar até pode surtir efeito frente a equipas inferiores, mas frente ao Benfica? Não foi uma boa ideia.

O Benfica é uma equipa de preponderância atacante à qual não se podem dar facilidades. O Rio Ave defendeu mal. A barafunda e a confusão foi uma constância na defesa dos de Vila do Conde. Melgarejo, Matic e Lima marcaram os golos completamente sem marcação. Antes de o paraguaio inaugurar o marcador já Lima isolado tinha falhado por pouco. Defender desta forma exige muita concentração e um grande entendimento. O que não aconteceu.

Os jogadores encarnados ao imporem uma intensidade forte e dinâmica, aliada a uma mobilidade atacante contínua e sincronizada, com constantes e complexas permutas entre os médios alas e os laterais, baralharam totalmente a impreparada e desorganizada defensiva vila-condense. Não é por acaso que Maxi e Melgarejo marcam golos em zonas interiores.

A mecanização entre os jogadores do Benfica funcionou quase em pleno e quando o adversário não responde com uma oposição eficaz é aquilo que se vê. Um espetáculo de futebol e de golos. Quase em pleno porque à dupla Lima e Rodrigo faltam jogadas de entendimento. Ontem as águias voltaram a voar alto e geraram confusão com a sua variabilidade de ações.