Nesta corrida para o título, o FC Porto ainda mantém a vaga esperança de que o Benfica ceda terreno. O mesmo se passa com o Braga ao nível da Liga dos Campeões, em depende do Paços de Ferreira para entrar na prova milionária. Mas a jogar como o fizeram ontem, estas duas equipas dificilmente alcançarão a totalidade dos 15 pontos em disputa.

Para os campeões, todos os jogos são decisivos, ou seja, se perderem pontos fica decidido que podem dizer adeus ao título. Ontem, esse cenário pairou por muito tempo no Dragão. Mas conquista dos três pontos foi um facto apesar da exibição não augurar um bom futuro. Quanto ao Braga, mais uma vez perdeu terreno para os castores da Mata Real.

O golo de Allan gelou o Dragão, mas o golo de James reacendeu a esperança nas bancadas. Aliás, estes golos de perfeita execução técnica foram a exceção ao fraco futebol praticado no relvado dos atuais campeões nacionais.

O Braga, até aos 17 minutos, defendia-se dos desligados e confusos ataques dos dragões. Só um remate de Lucho fugiu à vulgaridade. Mas de repente tudo mudou. Otamendi atrasou mal a bola e isolou José Pedro, mas este entregou-a a Helton. Esta jogada despertou os “arcebispos”, os quais ganharam confiança para logo de seguida Allan testar Helton. E dois minutos depois fazer mesmo um golo espetacular!

Após o golo sofrido, o FC Porto recuperou o domínio e voltou a ter mais bola. Oito minutos mais tarde James marcou o empate com o Braga a recuar novamente. Aliás, a formação de José Peseiro foi sempre uma equipa muito defensiva, à exceção do período entre a oportunidade de José Pedro e o golo marcado por Allan.

Mas a este FC Porto falta fulgor, clarividência, coletivo e o futebol que andava a praticar há uns meses atrás. O seu jogo não flui. Os dragões dominam, atuam no meio campo adversário, mas jogam muito devagar. O seu futebol é previsível, tocam a bola lentamente para os lados e para trás, não conseguem roturas, nem profundidade. Desconhecem o manual de como se deve jogar frente a uma equipa fechada.

Na segunda parte tudo continuava em banho-maria no Dragão. Os nervos ferveram quando Otamendi cabeceou à trave. Quatro minutos depois Carlão isolou-se com a bola nos pés, mas acabou por dá-la a Helton. Alex Sandro também acertou na trave. A possibilidade de o Braga marcar associada à não conclusão dos lances portuenses gelava as bancadas do Dragão com o espectro do adeus ao campeonato.

Vítor Pereira substituiu então Defour por Atsu, mas tudo ficou na mesma. Mais tarde retirou Lucho e colocou Kelvin. Em boa hora o fez, pois este jovem brasileiro a passes de James marcou dois golos, os quais elevaram a temperatura termodinâmica que aqueceu o ânimo dos dragões para o futuro.

É esta a equipa do campeão? Quem a viu e quem a vê. Atravessa um mau momento e para tentar manter ou reduzir a distância para o Benfica terá de melhorar imenso. Algumas das suas peças preponderantes não estão em forma. Jackson está uma sombra do goleador que nos habituou. Lucho não tem dinâmica para mais do que uma parte. Os laterais neste momento estão menos incisivos. Moutinho ontem esteve muito apagado. Só Helton, James e Kelvin fizeram a diferença de temperatura num Dragão sem chama.