Ontem assisti a dois excelentes jogos da Liga dos Campeões. Gravei o Borussia - Málaga e acompanhei ao vivo o Galatasaray - Real Madrid. Vi muito e bom futebol. Dez golos, cinco de uma execução perfeita, e imensos lances velozes e vistosos com lindas jogadas de envolvimento realizadas de primeira. Houve emoção, dada a incerteza quanto ao desfecho, tristeza dos derrotados e exaltação dos vencedores.

Estes encontros podiam ter contrariado o que antes havia escrito, em que dizia que os caminhos das equipas do país vizinho seriam opostos. E foram. Mas, como temos muitas vezes afirmado, em futebol tudo pode suceder e ontem poderia ter acontecido o contrário.   

O Real marcou um golo madrugador que parecia ter acabado com a eliminatória. Na primeira parte dominou o jogo e teve até oportunidade para dilatar o marcado, mas na segunda metade abriu-se um autêntico “banho turco”. O Galatasaray durante meia hora impôs uma velocidade quase imparável.

Apoiados por um público espetacular, os jogadores da formação turca encararam o jogo com uma entrega impressionante, plenos de querer e determinação.

Presentearam-nos com um futebol de sonho. Integraram a velocidade na técnica, jogaram ao primeiro toque, num passa e desmarca extasiante e fizeram três golos soberbos. Quando marcaram o terceiro faltavam ainda 15 minutos mais o tempo extra. E tudo poderia acontecer, tal era o excedente turco. Mas, felizmente para o Real, nesse período os turcos deram “o berro” e o Real temporizou, marcou o ritmo e fruto dessa estratégia construiu o segundo golo ao cair do pano.

Se Iniesta diz que sem Messi o Barcelona não é a mesma equipa, neste caso podemos dizer convictamente que o Real Madrid sem Cristiano não é o mesmo. E de facto não é. Ronaldo marca bem a diferença nesta equipa. Ontem, ao executar os dois golos do Real Madrid, o português evidenciou mais uma vez a sua categoria.

Ninguém pensava que o Málaga pudesse estar “presente” nas meias-finais até aos 93 minutos. Foi uma surpresa, pois os andaluzes marcaram primeiro. Contudo deixaram-se empatar e voltaram a estar por cima. Mas ingloriamente foram eliminados no tempo extra. Os alemães lutaram até ao fim e acreditaram no seu futebol fraturante, rápido e intenso. E aos 40 minutos os alemães lá empataram, depois de uma jogada toda ela ao primeiro toque , em que  a bola tabela entre 5 jogadores e sobra para Marco Reus que, de calcanhar, assiste Lewandowski para este marcar um grande golo.

Daqui para a frente, Willy Caballero, tal como na primeira eliminatória, foi chamado a brilhar. O Borussia pressionava com ataques quase contínuos, os quais seriam demolidores, não fossem as enormes e prodigiosas intervenções do guardião do Málaga. Invocando a lei severa do futebol, de quem não marca sofre, coube ao Málaga marcar um golo por Eliseu e colocar-se em vantagem, apesar da jogada ser ferida de ilegalidade por posição irregular do português.

A 8 minutos do fim tudo indiciava que o Málaga ia continuar em prova. Mas os 80 mil espectadores que encheram o Westfalenstadion não se cansavam de animar a equipa. E o “impossível” aconteceu quando Marco Reus, no primeiro minuto do tempo extra empatou, e dois minutos depois Felipe Santana num meio de uma jogada confusa, fez o 3-2. O Málaga descia então aos infernos da eliminação enquanto o Borússia subia aos céus, mantendo-se invicto na prova!