O Paços de Ferreira e os seus responsáveis estão de parabéns pela excelente época na qual se afirmam como a equipa sensação. Contudo, ontem, os castores mostraram pouca ou nenhuma ambição. É perante os mais fortes que se realça a capacidade. Sem nada a perder, o Paços, em vez de ser irreverente para tentar surpreender as Águias, devia ter imposto um ritmo veloz para aproveitar a compreensiva fadiga dos encarnados, mas não o fez. Ao invés, veio a Lisboa com a mentalidade que a eliminatória já estava decisiva.
Jesus não estava pelos ajustes e como “cuidados e caldos de galinha não fazem mal a ninguém”, o treinador do Benfica, para evitar surpresas, apresentou o 11 mais forte. Mas se os receios inicialmente lhe passaram pela cabeça, nunca se concretizaram. 
Na primeira parte os nortenhos, receosos de virem a ser goleados, quase só defendiam. Remataram duas vezes e curiosamente numa delas poderiam ter marcado. O Benfica marcou o ritmo que mais lhe convinha, uma cadência lenta para embalar os castores. Dessa forma, poupou o combustível e, como o jogo estava inclinado para a baliza adversária, jogou quase em ponto morto. 
Benfica controlou, dominou e transformou este jogo num treino de recuperação. Mas mesmo em piloto automático criou mais de meia dúzia de situações para golear. A sua superioridade foi contínua. Embora o Paços de Ferreira tivesse também tido duas boas ocasiões para marcar. Nesta pachorrenta toada, Cardozo, um jogador lento, destacou-se como o homem do jogo ao marcar o golo, ao enviar uma bola ao poste e nos restantes seis remates. 
Como o Paços não construía jogadas de golo, Maxi Pereira ofereceu a bola a Cícero e este evitou um dos centrais e marcou. O empate do Paços fica na história, mas a tímida exibição esquece rapidamente. Mas é o empate que conta. Aliás, Paulo Fonseca ficou «satisfeito e orgulhoso» porque, segundo o treinador pacense, a equipa foi «equilibrada taticamente e emocionalmente. E disse que foi um jogo muito positivo. Positivo? Por ficar pelo caminho?.
Já Jorge Jesus assumiu que, em parte, «os jogadores sentiram que a eliminatória estava conseguida e que, a vantagem do resultado deixou os jogadores mais numa situação de controlo. Além do desgaste do jogo a meio da semana». 
Finalmente, Jesus volta  a marcar presença na final da Taça de Portugal.