O Belenenses sagrou-se campeão da Liga de honra, com grande mérito porque apresenta um futebol que não fica atrás do realizado pela maioria das equipas da Primeira Liga. Como sucesso puxa sucesso, os azuis desejavam ir à final da Taça de Portugal. Por isso, o Belenenses deslocou-se a Guimarães com o intuito de retificar o mau resultado obtido no Restelo. Neste deserto, procurava o oásis para, pelo menos, saborear dois golos que saciassem a sede e a ambição.

Van Der Gaag mentalizou a equipa, transmitiu-lhes que era o tudo ou nada, a sobrevivência ou a “morte”. Por isso o holandês elaborou uma estratégia de ataque e até à altura do golo de Marco Matias o Belenenses foi dono e senhor do jogo. Praticou um futebol vistoso com uma dinâmica harmoniosa e agradável de seguir. Criaram uma flagrante oportunidade para marcar, mas no futebol o concreto confunde-se com as miragens.

O minuto treze foi azarento para os do Restelo. Até aí tudo parecia correr bem. Ao invés, Rui Vitória mostrava-se intranquilo no banco. De repente surgiu a tranquilidade. Na sequência de um canto a favor do Belenenses, no qual o Vitória recuperou a bola, aproveitou a desorganização defensiva dos azuis para num ataque rápido obter o passaporte para a final.

O domínio mudou e o Vitória descontraído e confiante face aos três golos de vantagem tornou-se mais acutilante e os jovens do Restelo tremeram. Duas saídas em falso de Matt Jones poderiam ter terminado em golos para os da cidade berço.

Todavia os vimaranenses mesmo já em período de festa ainda criaram mais algumas oportunidades. Contudo, o Belenenses não baixou os braços e manteve-se determinado na procura do golo, mas na baliza do Vitória estava Douglas. Aliás este homem foi entre outros o baluarte que garantiu a ida ao Jamor. Não tanto pelo jogo de ontem, mas sobretudo pelas grandes penalidades que defendeu em jogos anteriores, as quais garantiram, que o seu clube continuasse na Taça.

Aproveito para elogiar o excelente trabalho dos treinadores destes dois clubes. Van Der Gaag realizou um meritório trabalho ao vencer destacadíssimo a Liga de Honra. Incutiu a filosofia holandesa no futebol dos azuis e fez um adequado aproveitamento das características dos jogadores para marcarem muitos golos no seguimento de bola parada.

Rui Vitória para além de explanar e implementar todas as componentes do futebol. Realizou inteligentemente um trabalho aglutinador ao ultrapassar psicologicamente a crise financeira que o clube atravessa, reuniu vontades e transmitiu confiança num futuro promissor. O qual se concretizou dado que a receita financeira a obter na final da Taça e na Liga Europa equilibrará os cofres do clube.

Outra virtude digna de realce é a de não ter receio (ao contrário da maioria dos colegas) de promover os jovens. Para além de sabermos que a sua equipa é talvez aquela que tem em média a menor de idade. Enalteço a sua iniciativa de nalguns jogos recorrer a jogadores ainda juniores. Quando os jovens têm valor do que é que os treinadores estão à espera?

O Vitória de Guimarães repete pela sexta vez a final da Taça de Portugal graças ao empenho da direção, ao trabalho do seu técnico e à maturidade, inteligência e competência dos jovens jogadores.