Ninguém previa que nesta primeira mão da meia-final da Liga dos Campeões houvesse este humilhante desfecho para o futebol espanhol e, por tabela, também para nós, a maioria dos portugueses que acompanha com muito orgulho o estatuto de melhores do mundo, como são os casos dos nossos Cristiano e Mourinho. 

Este paradoxo futebolístico está em parte relacionado com a dependência do melhor contributo dos dois melhores jogadores do Mundo.

Como se sabe, o Barcelona sem um Messi a cem por cento é inoperante. Com Messi a fazer figura de corpo presente foi inapelavelmente cilindrado em Munique. Cristiano costuma ser o mentor do jogo e arrastar os colegas para grandes exibições. Ontem não fez a diferença. Limitou-se a saborear a oferta de Hummels.

A estrela que mais brilhou na constelação foi Lewandowski. Este polaco esteve endiabrado e exemplificou como um avançado deve atuar. Fez movimentações adequadas num envolvimento célere que baralhou os defesas e dentro da área analisou, decidiu e foi letal nos golos.

Outra situação que influenciou o resultado foi a falta de uma estratégia, um antídoto para travar o voraz jogo ofensivo do Borussia.

Mourinho é, para alguns, o melhor treinador do mundo e um especialista em organizar defensivamente a equipa. E como já por duas vezes tinha defrontado os alemães, estranha-se, dado o conhecimento do adversário, que não elaborasse um plano para obter um resultado que deixasse a eliminatória em aberto.

Não o fez e o que se viu foi a exuberante superioridade dos germânicos. Ontem o seu jogo teve todos ingredientes que fazem do futebol o melhor espetáculo do Mundo. Velocidade de pernas e de pensamento, capacidade física impressionante para final da época, pressão agressiva e num ritmo alucinante. Para além da técnica de execução, realça-se as contantes movimentações na solicitação dos passes e a inesgotável intensidade.

O Barcelona e o Real Madrid saem da Alemanha desvalorizados e envergonhados. Precisam, na próxima semana, de retificar as exibições e os resultados para atenuar a hegemonia alemã. No futebol tudo pode acontecer, e recuperar de derrotas tão desniveladas é possível porque já aconteceu em algumas ocasiões, sobretudo quando os “deuses” do futebol resolvem, inesperadamente, fazer milagres.

Quem acompanha a imprensa espanhola constata o chauvinismo de alguns jornalistas, os quais criticam, sem dó nem piedade, os profissionais portugueses. Mourinho é o alvo predileto. Recordam que Mourinho foi contratado para vencer todos os títulos, mas o objetivo prioritário seria a conquista da Liga dos Campeões e que ao fim de três épocas poderá não concretizar esse projeto.

Mourinho disse que o Real pode dar a volta à eliminatória. Oxalá!