O futebol é um jogo aleatório em que os eventuais lances imprevisíveis, inesperados e por vezes invisíveis, são factores patentes. Os treinadores podem ter a melhor estratégia, podem ter um modelo de jogo muito bem estruturado, podem ter um grande conhecimento de como anular e suplantar o adversário, podem escolher o onze inicial e acreditar que é o melhor, e podem consoante o decorrer do jogo substituir jogadores com o objetivo de manter ou alterar o resultado, mas tudo isto deve fazer parte da capacidade dos treinadores, e mesmo que a tenham, por vezes não é suficiente perante o imprevisto.

E isto vem a propósito das palavras que Jesualdo Ferreira proferiu após a derrota na Mata Real em que o treinador disse: «o Sporting nunca poderia ter perdido». É verdade que a ideia do professor ao fazer entrar Carrilho e Viola era de dar um balanço mais ofensivo, mas esta mudança, para além de um bom remate de Carrilho, também não resultou o suficiente para ganhar o jogo frente ao Paços de Ferreira.

Ao falar em substituições, nem discuto se a saída do mais esclarecido médio leonino, André Martins, foi adequada ou não e se as movimentações dos jogadores foram as mais apropriadas, se o posicionamento e as deslocações foram corretas na solicitação dos passes, ou para receberem o último passe nem se a dinâmica foi mais ou menos intensiva.

Constato é que o empate seria o reflexo deste jogo equilibrado face à ausência de oportunidades de golo. A causa da inexistência de ocasiões de golo deve-se a uma evolução atacante que até tem princípio, mas por vezes falta-lhe o meio e sobretudo o fim. Quando não se criam momentos para marcar o mérito deve ir para a equipa que defende, e ontem essa foi a grande preocupação das equipas com demérito para um incorreto envolvimento atacante.

O aleatório vai para a imprevisível reação dos defensores leoninos que, no caso que antecedeu o golo, em vez de reagirem rapidamente na direção da bola para um possível alívio ficaram parados a ver Toni cabecear para dentro da baliza de Rui Patrício. E o invisível neste jogo vai para o árbitro Pedro Proença que não viu a grande penalidade cometida sobre Ricky van Wolfswinkel.

O inesperado vai para o Paços de Ferreira e para a sua direção, a qual gere e dirige o clube com competência e idoneidade. Esta estrutura apoia e transmite serenidade à equipa. Com a quebra de Braga e do Sporting, os castores aproveitaram com mérito a oportunidade de escreverem esta página de glória que é estar presente na Liga dos Campeões. O mérito vai também para o excelente trabalho do jovem treinador Paulo Fonseca, para a sua equipa técnica, e igualmente para o grupo de bons jogadores dos quais fazem parte dois dos melhores médios nacionais, Josué e Vítor.