Esta noite sonhei com a Taça de Portugal. A Interpretação deste sonho, só o meu subconsciente me poderia esclarecer, dado que ele é o banco onde estão depositadas as minhas memórias. O sonho deve ter origem na minha vivência com a Taça de Portugal. Aliás o sonho foi um diálogo entre mim e a Taça de Portugal.

Sonhei com a Taça de Portugal que o Sporting ganhou no dia 30/06/63. Como fiz parte dessa equipa que derrotou por 4-0 o Vitória de Guimarães e dado que este clube vai estar hoje na final frente ao Benfica. Depreendo que foi este o motivo do sonho.

Sonhei com as quatro finais que realizei e nas quais ajudei o Sporting a vencer três, mas aquela foi a primeira Taça de Portugal e como não há amor como o primeiro, fui visitá-la ao Museu leonino. Ela ao ver-me, disse-me: obrigado pela visita amigo, vem mesmo a calhar, preciso de desabafar contigo. Recordamos quando nos conhecemos pela primeira vez e as várias vezes que andei com ela ao colo. Uma excelente amiga.

Delicadamente foi-me dizendo que estava de certa forma preocupada e indecisa, já que por inerência neutral tem de ser isenta e tanto lhe faz que ganhe um ou outro finalista. Contudo acha que está a ficar sentimental e desta vez face a algumas circunstâncias que rodeiam os opositores está dividida.

Sabes como eu sou patriota e o Vitória de Guimarães é o clube da cidade berço a fundadora do nosso país. O clube que a representa vai para a sexta final e ainda não me passeou uma única vez pelo relvado. Estou a ficar sensível e gostava que o nosso Presidente da República ou um seu representante me entregasse ao capitão dos vimaranenses. Era uma homenagem simbólica da Presidência ao originário povo português.  

Outra das razões é a do Benfica ter desperdiçado em duas semanas dois títulos e ficava-lhe bem abraçar-me mais uma vez e aumentar o número de vitórias. Por outro lado o Jorge Jesus quer oferecer a minha conquista ao seu falecido avô e como excelente e dedicado neto que é, bem merece! Olha o que for será. Não devo estar a torcer por nenhuma das equipas, nem posso ficar triste pelo desfecho.

Pois, a final é um dia de festa e eu sou a padroeira da romaria dos fiéis aos seus clubes, os quais se juntam aos milhares na mata do Jamor, onde acampam e almoçam os melhores petiscos das regiões. Como me abre o apetite o cheirinho a sardinhas assadas, dos couratos e o dos churrascos dos lisboetas. E a gastronomia dos vimaranenses é do melhor. Rojões à moda do Minho, papas de sarrabulho, vitela assada no forno, feijoada transmontana, cabrito assado.

Acordei sobressaltado, ainda ensonado e com um apetite devorador corri para a cozinha apressadamente e absorvi o pequeno-almoço e estremunhado dirigi-me ao armário onde preparei o meu equipamento de jogo com a ideia de me juntar aos meus colegas em Alvalade. Acordei de vez e sorri ao verificar que a camisola que me estava apertada!