Futebol de ataque só resulta quando existe equilíbrio defensivo. Portugal, que em todos os jogos concretizou 12 golos, é, até ao momento, a equipa que mais golos marcou neste Mundial sub-20. Neste encontro Portugal-Gana aconteceram 36 remates, o que demonstra a preponderância atacante destas duas jovens seleções.

A equipa lusa desperdiçou algumas (para não dizer muitas) oportunidades, as quais seriam muito mais do que suficientes para seguir em frente. O grupo é bom, tinha jogadores com elevada capacidade para vencerem pela terceira vez o Mundial sub-20.

Fala-se em inexperiência, em imaturidade, dada a juventude. Mas isso para alguns, até pode ser verdade, para mim não o é. A experiência em futebol é sinónimo de inteligência e da ambição dos jogadores.

Por experiência própria, dado que lancei dezenas de jovens na primeira equipa, quando ainda eram juniores e que terminaram na seleção A, posso afirmar que a maioria dos jovens assimila melhor que os mais adultos. Existem jogadores quase no fim de carreira que não interpretam, nem compreendem nem decifram as mensagens do treinador.

Por falar em mensagem do treinador. Algo não estava sintonizado. Ou a mensagem não foi bem explicada pelos técnicos, ou não foi bem assimilada por parte dos jogadores. Dado que em termos defensivos ambas as equipas cometeram lacunas em quatro golos.

Os golos nacionais foram facilitados. O primeiro nasceu de um cruzamento após um canto e dois defesas, ambos sem marcação, estiveram na fase de concretização. Ié não dominou a bola, esta ressaltou para Tiago Ferreira que fulminou. O segundo surgiu de um canto atrasado, o qual contra defesas organizadas não resulta, dado ao saírem, colocam todos os opositores fora de jogo. Ainda bem que lá ficaram.

Os golos do Gana também tiveram a colaboração dos nossos jogadores. No primeiro, Ashia, sem oposição, teve todo o tempo para progredir na zona frontal e disparar com êxito. O segundo, nada a fazer, foi uma obra de arte: a rotação do ganês foi imparável, só fazendo penálti se podia evitar o remate, do qual na recarga aconteceu o golo de empate. No terceiro Tiago Ferreira não teve pernas, agarrou o opositor e daí saiu o golo da derrota. A falta era evitável e a barreira claudicou.

Tiago Ferreira disse no final que faltou organização. E tem razão, pois sofrer dois golos no espaço central, o qual pelo que observei era a zona de pressão defensiva da nossa seleção. Alguma coisa falhou, ou os jogadores. E a equipa técnica foi vítima disso mesmo, ou então o plano foi mal explicado e insuficiente ensaiado. Porém, a frieza dos números mostra-nos que somos a terceira defesa, com sete golos sofridos.

O facto de sermos a equipa mais concretizadora é sinal que temos excelentes jogadores e que a organização ofensiva está melhor estruturada do que defensiva.