O futebol é um jogo que tem momentos incontroláveis, que ultrapassam e contrariam os projetos de jogo dos técnicos. A bola que bate nos ferros, os penáltis não assinalados ou mal assinalados e os erros dos jogadores. No de ontem os mais evidentes foram o de Salin, que facilitou o golo do Sporting. O erro da má abordagem da defesa leonina, no golo do empate. As perdidas “escandalosas” de Montero e de Hassan. Por fim, o erro do árbitro ao não marcar a grande penalidade a favor do Sporting.

Esqueçamos o subjetivo e abordemos o concreto. Depois do excelente início de época dos jovens leões, esperava-se a continuidade das boas exibições. Contudo,  por várias razões isso não aconteceu. Não sucedeu porque a equipa não repetiu a dinâmica dos jogos anteriores. Nem encontrou soluções para contrariar a organização defensiva do Rio-Ave. Atuou colectivamente muito fragmentada. Raramente foi una.

O Sporting entrou em campo apático, lento de pernas e de ideias, parecia fatigado, mas está no início da temporada e não disputa as provas europeias. Esperava-se um bom jogo, dado que estado de espírito face às ótimas prestações deveria estar no auge. Todavia em termos psicológicos alguma coisa não funcionou!

Os mecanismos dinâmicos das ações defensivas e de ataque devem ser interpretados com rapidez e clarividência no cumprimento dos planos estabelecidos. Planos, se existem, ontem não funcionaram. Atuar com os sectores muito distantes, obriga a jogar mais direto e menos laborado, como vinha a suceder. Desta forma não existe segurança a defender, nem organização atacante. Abola raramente chegou a Montero.  

A alteração posicional do meio campo nestes últimos dois jogos prejudicou o rendimento e a clarividência da equipa. William Carvalho a jogar na posição de trinco é o elo de todo o jogo atacante. Nestes últimos jogos ,Leonardo Jardim inverteu o triângulo para soltar mais o André Martins e a organização dividiu-se por William e Adrien, só que Adrien erra muitos passes e William assim só distribuiu metade do jogo, por isso quer no Algarve, quer ontem, não foi tão pendular. Como André Martins não entra nas ações defensivas, o Sporting desequilibra-se nesse sector!

As trocas de avançados por médios, e até defesas, além de abalarem a estrutura, são sintomas de equipas pequenas, para segurar o resultado. O Sporting deve ter a atitude, não de o segurar, mas sim de o aumentar. Estas mudanças não resultaram. Nem contra o Benfica, nem no Algarve e muito menos ontem. Ao Rio-Ave admite-se que o faça, aliás ontem correram esse risco na parte final do jogo, ao entregarem o domínio aos leões!

Neste momento, começam as críticas destrutivas. O que até aqui tinha valor, agora é desvalorizado. Já se fala outra vez na imaturidade, até o treinador o diz, mas fez muito mal em dizê-lo! Ouve-se que faltam jogadores de classe. Alguns auguram uma descontinuidade que pode levar ao retrocesso dos anos anteriores.

O que é importante é uma reflexão profunda que obrigue a rever os porquês desta má exibição, para a não repetir. Pois o treinador e os jogadores do promissor início são os mesmos. O objetivo do Sporting de pelo menos alcançar o terceiro lugar é exequível!