Ontem no lançamento do Portugal-Israel escrevi que, «Dada a diferença de valores entre Portugal e Israel, esperava que dominássemos o jogo continuamente, produzindo uma excelente exibição e que esta resultasse numa goleada».

Tal como Paulo Bento disse «vamos tentar ser dominadores, tendo como base a posse de bola». Para o nosso selecionador este jogo só tinha como lema, ganhar, ganhar. Lá dominar, dominámos. Também tivemos muito mais posse de bola, mas não ganhámos.

O que interessa dominar, se esse domínio é efémero, trapalhão e confuso. Que interessa ter muita posse de bola, quando se falham tantos passes. Claro que os israelitas só defenderam, e por isso o jogo praticamente jogou- se só em meio-campo. Mas existem as devidas soluções para superar esse sistema de jogo!

Aliás, o objetivo de Israel passava por perder por poucos, pois mesmo a perder empatavam tempo nas reposições. Mas sem saberem ler nem escrever, acabaram por empatar.

O que é certo é que a exibição equivaleu-se às piores e nesta fase de qualificação foram demais. Mas quem é que pode esperar uma boa prestação quando durante o jogo se erram 38 passes e 24 cruzamentos.

As razões de se falharem tantos passes são pouca e desconexa mobilidade dos jogadores, por desconhecerem para onde, quando e como se devem movimentar para solicitarem os passes, o que demonstra que existe um insuficiente planeamento da evolução atacante, a lentidão, o jogo previsível, que consta de entregar a bola ao colega que por acaso até está livre de oposição. Ao não se jogar ao primeiro, nem ao segundo toque.

Porque é que se falham tantos cruzamentos, sejam eles na sequência de livres e livres de canto, sejam de jogadas de bola corrida? Porque os cruzamentos têm como objectivo a grande área e a maioria chega lá, mas não são concretizados. Os avançados têm de aprender a colocar-se, não deficientemente, mas correctamente para ganharem os lances. Aliás, o golo saiu de um canto combinado e existiram mais dois em que poderíamos ter marcado. Mas os tais 24 ficaram-se pelas intenções.

O jogo foi muito mau. A exceção está no golo e em três ou quatro lances bem delineados coletivamente. Foi pouco, deveriam ser muitos mais para servirem de regra e não ficarmos pela insuficiente exceção. A jogar assim facilmente se constata que jamais poderia surgir a goleada. Quando os princípios de jogo e o manual de defrontar uma equipa fechada estão ausentes, não se podem perspetivar boas exibições nem goleadas.

O melhor que aconteceu no Estádio Alvalade foram os perto de 50 mil espetadores a entoarem em uníssono o Hino Nacional, a fazerem constantemente a “Hola”, a criarem uma autêntica festa, a apoiarem e puxarem pela seleção durante os 93 minutos. Que pena ela não ter correspondido!