Em equipas profissionais não se podem cometer erros infantis, sobretudo em jogos que para além do prestígio envolvem milhões. O guarda-redes deveria ser o orientador defensivo, dado que tem uma ampla visão do que se passa na sua periferia. Como tal deve aconselhar não só o posicionamento aos colegas, mas também comunicar-lhes como devem intervir. Helton é excelente, mas ou os treinadores não o ensinam e lhe rectificam as falhas, ou porque outra razão qualquer. O certo é que os erros vão-se repetindo.

Não foi só por este lapso que o Porto empatou em São Petersburgo. Aliás logo de seguida os campeões rectificaram o equívoco e empataram. Porém o Porto para garantir a continuidade na Liga dos Campeões precisava vencer o Zenit, por isso a abordagem ao jogo foi bastante incisiva nos 45 minutos iniciais, nos quais os dragões foram superiores. Contudo, para além do golo, não criaram nenhuma oportunidade.

O futebol deste Porto é menos esclarecido, menos homogéneo, e por isso menos produtivo. Ontem foi muito activo, muito pressionante, não deixou jogar o Zenit. Esta face da moeda do futebol foi quase perfeita. Mas onde está o reverso, o qual deveria ser o expoente do futebol de ataque. Ontem as acções atacantes e de criatividade pertenceram aos avanços dos laterais, à sapiência de Lucho, aos ziguezagues de Varela e às inflexões de Josué. Foi pouco por ineficaz.  

O sistema de um ou dois “trincos” não é exclusividade dos campeões nacionais pois todas as equipas que jogam em 4X3X3 o fazem. Neste caso, o meio campo do Porto com esta coisa dos “triângulos invertidos”, de um ou dois “trincos“, cria uma geometria no relvado, com zonas definidas e limitadas. Ora jogar com um Zenit que privilegia o futebol rápido e de passe médio longo os quais sobrevoam a zona intermédia. Exigia-se a Fernando e Defour, mais liberdade de ação e de iniciativa na elaboração atacante.

A vítima da falta de visão de jogo e da ausência de criatividade dos médios municiadores, é Jackson. Ontem não se deu por ele, quase não tocou na bola, à excepção de um excelente remate aos 68 minutos, mas quem lhe passou a bola, foi um jogador russo. Que saudade que ele deve ter do meio campo da época passada.

Na segunda parte a equipa pareceu fatigada do desgaste da primeira e os russos tomaram conta desse período e criaram várias ocasiões para marcar. Até desperdiçaram uma grande penalidade.

Paulo Fonseca tem muito trabalho pela frente para colocar os dragões a praticarem um contínuo e apreciável futebol e não só a espaços como está a suceder. Tem de estruturar a equipa e fazê-la render mais, muito mais. Na defesa não se mexe. No meio campo Josué é o substituto de João Moutinho, mas não de James. O ataque é ainda uma indefinição, onde só Jackson tem sido titular. Matéria-prima não falta. Licá, Ricardo, Gilás e Kelvin.