A UEFA resolveu aplicar o Fair-Play financeiro como travão às incontroláveis despesas dos clubes de futebol. É um meio que me parece ineficaz, dado que um clube tem como limite de dívida 45 milhões de euros. Esta medida só funcionaria baixando o limite da dívida.

Os clubes vivem muito acima das suas possibilidades. É importante tomar medidas de contenção de gastos nas aquisições e ordenados dos jogadores. Seria fundamental que a UEFA marcasse um prazo aos clubes para recuperarem as dívidas. E começarem as épocas com equilíbrio financeiro.
Segundo um estudo de uma conceituada consultadoria internacional, esta constatou que alguns clubes das principais divisões estão à beira da falência e a um passo de acabarem. O caos financeiro numa só Liga europeia, poderia desencadear um risco sistémico, tal como aconteceu com a banca.
Se as Ligas europeias - Liga espanhola, Bundesliga alemã, Liga 1 francesa, Premier League inglesa e Série A italiana - fossem analisadas como empresas, o resultado económico, entre despesa e receita baseado nas vendas e nas aquisições, seria que em menos de dois anos poderiam acabar. Os activos dessas Ligas estão todos deficitários e muito abaixo da média das empresas que ao contrário dão lucro. Neste estudo, o nosso futebol não entrou, mas como se sabe os tês clubes principais devem mais de 400 milhões à banca.
É óbvio que o futebol não vai acabar face ao interesse e à paixão social, dado que a adesão é massiva por parte dos adeptos. É urgente reestruturar o futebol, para que ele se torne mais saudável financeiramente, para tal é preciso reduzir as maiores despesas, as quais estão nos salários dos jogadores, treinadores e dirigentes. 
A formação é o futuro. O futebol alemão investiu 100 milhões em Academias, das quais saem jovens talentos para as equipas principais e dessa forma reduzem as despesas nas aquisições e baixam a média salarial. Esta mudança começa a resultar, não é por acaso que a nível de clubes a Alemanha tem a hegemonia do futebol europeu.
Em Portugal, o Sporting de Bruno Carvalho, é o único dos grandes que antecipou o futuro, ao restringir gastos e sobretudo ao investir na Academia. O ciclo vicioso das engenharias financeiras acabou. Os bancos estão em stress financeiro e reduzem quase a zero os empréstimos aos clubes. Portanto é preciso repensar inteligentemente a administração dos clubes.
Contudo a má gestão não terminará com o Fair- Play financeiro, mas sim com novas leis a implementar pela UEFA, ou seja uma norma que limite o número de estrangeiros nos clubes. No máximo três comunitários e dois não comunitários. Só podendo estarem em campo simultaneamente dois dos primeiros e um dos segundos. Esta regra beneficiava a economia dos clubes, dado que o grosso dos jogadores seriam nacionais e oriundos das Academias e também a seleção nacional se valorizava significativamente.