Ultrapassar com êxito este play-off é muito importante para o futebol nacional. Não só para o curriculum dos intérpretes, como também psicologicamente elevará (parcialmente) a autoestima dos sacrificados portugueses. E economicamente pode ser benéfico, pois segundo um estudo da escola de Marketing IPAM, a presença da nossa seleção no Brasil, «garante um impacto económico de 438 milhões e poderá superar os 600. O que seria muito bom, dado que neste tempo de crise tudo o que entra é ganho. Se não nos classificarmos a economia nacional perde no mínimo, pelo menos 240 milhões de euros».

Hoje não se fala noutra coisa senão do play-off. Paira no ar a incerteza do resultado de logo à noite. Criam-se cenários discutidos até à ínfima. Conjetura-se a escolha do onze inicial e quem vai ganhar. Presume-se como vencer, como se deve jogar. Compara-se o valor entre Cristiano Ronaldo e Ibrahimovic. Diz-se que o coletivo é que conta. Supõe-se que o perigo vem do alto. Crê-se em pressentimentos. Prevê-se que Pepe e Bruno pela impetuosidade e agressividade, podem vir a serem expulsos. Antecipam-nos como favoritos…

Sabemos que o resultado final é neste momento imprevisível. Contudo, a equipa que vencerá será aquela que melhor interpretar o guião elaborado, explicado e ensaiado pela sua equipa técnica, o qual foi programado e direcionado às características dos respetivos opositores.

Seguirá em frente a equipa que cometa menos erros, que melhor interpretar os planos de jogo e esteja mais organizada no binómio defesa-ataque. O estudo da forma como jogam as equipas já está mais do que estudado, o que se exige logo na Luz é que Portugal apresente um antídoto à filosofia de jogo dos nórdicos.

Todos sabemos, e sobretudo Paulo Bento, que a Suécia é forte fisicamente, que aposta no jogo direto, que domina o jogo aéreo e que tem uma grande capacidade física. Por isso temos de estar atentos às saídas e à integração dos defesas e médios na zona de ataque. Para isso teremos de ter no meio-campo jogadores rápidos e inteligentes taticamente para evitarem a inclusão desses suecos, os quais ao criarem superioridade numérica geram perigo. Os médios alas também terão de acompanhar as incursões dos laterais.

O domínio no jogo aéreo pode ser o mais complicado, isto porque a nossa defesa não se posiciona de forma correta para disputar a bola quando esta surge na grande área após cruzamentos. Temos sofrido golos “infantis”. Paulo Bento está atento e certamente abordou e treinou exaustivamente esse tipo de lances. Profilaticamente, devemos evitar alívios para canto, não cometer livres nos corredores laterais e evitar ao máximo os cruzamentos oriundos de bola corrida. Também uma marcação direta a Ibrahimovic, reduz em grande percentagem o ataque sueco.

O futebol direto anula-se se existir uma boa colocação e marcação aos avançados, dado que os defesas, ao estarem de frente, prevêem, antecipam e ganham esses duelos. Outra arma para travar esse tipo de jogo é uma pressão contínua dos nossos avançados aos defesas para os obrigar a chutar para a frente de qualquer modo. Também, tal como Paulo Bento diz, e bem, «a prioridade é trocarmos a bola à flor da relva para impormos um futebol mais técnico». Essa forma supera esse tipo de jogo. Mas que essa posse de bola, seja construtiva e eficaz na procura do golo.

Vamos todos à Luz apoiar a seleção de todos nós. Descontraídos e sem pressão. A pressão quando bem trabalhada psicologicamente é benéfica. Transforma a adrenalina numa móvel paleta, onde os artistas executarão as suas obras de arte. Perante o interesse do jogo, quase não é necessário exultar a capacidade volitiva. Perante a possibilidade de pisarem os grandes palcos do Mundial, os jogadores vão superar-se em todos os capítulos. Contamos com um forte coletivo e individualmente, como não podia deixar de ser, com o melhor do mundo. Grande Cristiano, hoje vais demonstrar por que o és e vais ser o melhor do Mundo!