A profissão de treinador de futebol exige uma panóplia multidimensional de vertentes, as quais giram à volta e complementam a fundamental técnica – tática. O domínio técnico é o que define a sua profissão, mas actualmente como gestor de milhões tem de demonstrar e convencer na prática toda a sua competência.

Uma das componentes que o treinador deve dominar, é o discurso perante os jogadores e perante a comunicação social. Nem todos os treinadores, mesmo os que já foram campeões, têm o dom da palavra. O que contraria a opinião de que o discurso é primordial. Claro que é importante e tem de estar tecnicamente acima das teóricas e banais perguntas dos repórteres.

Contudo, antes dos jogos, o que se observa constantemente nas conferências de imprensa é um discurso onde inicialmente os treinadores realçam os predicados dos opositores, em vez de acentuarem a tónica no valor das suas equipas, para transferirem confiança aos jogadores e aos adeptos. Mas não, a sua preocupação é de enaltecer a capacidade dos adversários e o perigo que advém das suas características. Ou seja cada jogo é sempre difícil e complicado. Então a superioridade e a valia dos clubes que orientam, a classe e qualidade dos jogadores e as suas próprias competências? Não são suficientes!

Jesualdo Ferreira que é um dos melhores a discursar, disse, «não considero o jogo com o Benfica, o mais difícil até agora» e «vamos jogar em casa de um dos candidatos ao título e o favorito para o jogo. Este quadro de dificuldade vai-nos motivar para discutir o jogo.» Estas são respostas motivadoras. Os jogos mais difíceis foram aqueles que perderam e empataram. Este ainda se vai disputar e tudo pode suceder.

Claro que esta parte do discurso, «É tudo uma  questão de adaptação por parte dos jogadores, até agora não foi possível essa adaptação. A equipa não foi capaz de reagir em alguns jogos. Houve ali momentos de alguma falta de confiança», já entronca mais na sua área técnica, se os jogadores ainda não se adaptaram, há que acelerar processos de planeamento e organização.

Leonardo Jardim disse, «Não creio na crise do Vitória de Guimarães. Mesmo perdendo os últimos quatro jogos, mas isso aconteceu por ter muitos jogadores lesionados, com a equipa completa deverá surgir mais forte. É uma equipa de qualidade e bem orientada, merece todo o nosso respeito. Mas o Sporting, como faz em qualquer campo, vai entrar para vencer». Esta última frase era suficiente! As anteriores eram escusadas!

Paulo Fonseca disse logo a abrir «o Nacional está a fazer um excelente campeonato, é sexto e costuma ser a besta negra do FC Porto, pois é hábito criar-nos grandes dificuldades. Também realçou as vitórias dos insulares em Vila do Conde e Braga. Considerou ainda que a equipa madeirense, é talhada para estes jogos, de contra-ataque, porque tem jogadores muito perigosos na sua frente de ataque.

Mas o F.C. do Porto tem alguma comparação com o Rio-Ave, ou mesmo com o Braga? Claro que não. O Porto é muito diferente, é campeão, e já me esqueci de há quantos jogos o Porto não perde no Dragão para o campeonato.
Atualmente um treinador deve ter respostas adequadas à realidade dos clubes que treina. No discurso o técnico tem de ter respostas convincentes, persuasivas, pragmáticas, e realistas do seu potencial e da capacidade do clube que orienta. Hoje o treinador como gestor de futebol tem de vender a verdadeira imagem do seu  produto.