João Sousa e Rui Costa! Dois campeões. Há mais, felizmente. Não dos devemos esquecer dos que fazem por merecer. Mas estes foram os últimos a saborear-nos com vitórias estrondosas. O que têm em comum? Para lá de serem portugueses e ser um desporto praticado individualmente, têm uma particularidade muito interessante: a autonomia! E é aqui que começa a sua palestra aos treinadores!

Durante um jogo de ténis, o tenista ‘sobrevive’ consigo próprio! Rodeado por tantas pessoas, inclusive o treinador, mas impedido de contactar com elas. Durante as muitas horas (mais de sete!) que Rui Costa andou a pedalar com inúmeras estratégias dentro da sua mente, jogou com as suas forças e com as suas decisões. O pormenor final é delicioso, quando na reta da meta, Rui e o atleta espanhol decidem por mútuo acordo começar o sprint final!

As últimas jornadas da nossa Liga de futebol têm sido tudo menos positivas. Inúmeros casos. Falhas da arbitragem. Dos jogadores, treinadores e dirigentes. O melhor árbitro do mundo que se deixa ir numa simulação! Um jogador que falha a um metro da baliza. Um treinador que antecipa mal a necessidade da sua equipa. Dirigentes que se empurram no Estoril. Demasiado mau.

Imagino João Sousa e Rui Costa a falar de autonomia. E da responsabilidade. E da impossibilidade de não se poderem queixar de nada a não ser o seguinte: fomos melhores ou piores que o adversário! Até posso ser melhor, mas hoje fui pior. Admito que ele é melhor que eu…mas eu fui melhor hoje! Este assumir da responsabilidade tem de ser explícito a todos os níveis. Até para os treinadores!

Infelizmente os erros por parte dos árbitros têm acontecido. O ideal era não acontecer! Mas entre o jogar mal e o árbitro errar, o assumir por parte do treinador deve ser daquilo que depende do trabalho quer do treinador quer da sua equipa. Não sei se será apenas um problema cultural dos treinadores. Afinal de contas, os adeptos ‘compram’ esse discurso.

Mas João Sousa e Rui Costa, entre outros, mesmo que fosse verdade, preferiam apostar tudo naquilo que depende deles. Porque é isso que faz um campeão. Dentro da competição e dentro de si. Assume o que tem de fazer mais e melhor para superar tudo o que não depende dele. E tornar essa percentagem cada vez mais diminuta.

Muito obrigado João Sousa e Rui Costa. Que a grande maioria dos treinadores de futebol possam aprender com eles!