Ontem perdemos o nosso maior ícone desportivo. Numa altura que na mesma modalidade, Ronaldo deve ser coroado como o maior em termos mundiais. Ironicamente continuamos a ter alguns dos melhores do mundo, mas o nosso desporto enquanto sistema vale pouco mais do que zero.

Não se perdeu ‘apenas’ uma pessoa ou um futebolista. Pese embora estejamos a ser injustos para os familiares e amigos de Eusébio, o País perdeu mais do que uma pessoa. Perdeu um símbolo, uma figura nacional e mundial. Não se conseguirá olhar para Eusébio da mesma forma que os seus conhecidos olhavam para ele. Não sendo um desconhecido, olhamos para Eusébio como quem admira e idolatra um local sem nunca ter ido lá. É como Eusébio, idolatramos sem o conhecer pessoalmente.

Em breve, estou muito convencido que teremos uma felicidade para quem gosta de Portugal e de Futebol. Ronaldo será provavelmente coroado como o melhor futebolista de 2013. Pela FIFA. Estas notícias tão extremas, têm algo em comum. Portugal produz numa modalidade super exigente e com tanta, mas tanta produção e investimento individual e coletivo, duas das maiores estrelas de sempre. E poderíamos juntar ainda outros futebolistas.

A juntar a este aparecimento de grandes futebolistas num país muito focado nesta modalidade, temos muitos outros como aconteceu este ano com Carlos Sá, Rui Costa, João Sousa, Frederico Morais, Emanuel Silva, Fernando Pimenta, etc.  

Nem sabemos a sorte que temos. Não por ter desportistas de renome mundial. De pessoas que dão muito para chegar onde chegam. Da visibilidade, notoriedade, ter como exemplos, etc. Mas sorte, porque num País onde o desporto continua a ser um serviço mal tratado por vários ângulos, educacionais, políticos, competitivos, lúdicos, aparecer uma fornada em diferentes modalidades de desportistas de renome mundial é mérito deles e das pessoas com quem trabalham, e não de uma aposta estruturada do desporto nacional. Do sistema.

Eusébio nunca poderia ser um exemplo, porque chegou a Portugal já ‘formado’. Mas poderá ser também, nesta altura em que alguns de nós nos damos mais ao trabalho em parar e pensar, perceber que estes aparecimentos são ocasionais e nunca fruto de uma decisão alinhada e estruturada tomada por alguém com capacidade de decisão ao nível do desporto nacional.