Atraídos pela certeza dum momento deveras especial, foram muitos aqueles que fizeram questão de marcar presença na "aldeia mais portuguesa de Portugal". No final, Thierry Gueorgiou e Simone Niggli carregaram uma vez mais os louros da vitória!

Percorrer Monsanto é mergulhar num mar de serenidade. Avistada ao longe, a aldeia funde-se no granito, conferindo ao conjunto um ar místico, mágico. À medida que os passos nos transportam veredas acima, vamos sendo tomados pela emoção. Em cada rua, em cada casa, são visíveis as fundas marcas dum tempo parado no tempo. Em cada pedra há um retalho de vida que nos conduz ao mais íntimo de nós próprios e nos obriga a meditar sobre a nossa condição. E de cada corpo, de cada rosto, desprende-se uma energia telúrica que nos impregna e nos faz mais fortes, nos torna mais vivos.

Foi uma homenagem a esta terra, Monsanto – essa “nave de pedra” que Fernando Namora tão bem soube descrever nos seus “Retalhos da Vida de Um Médico” -, aquilo que a Organização do Portugal O' Meeting reservou para a segunda metade do 3º dia de competição. Depois duma desgastante prova de Distância Média WRE, toda a “tribo” da Orientação se mudou para Monsanto “de armas e bagagens”, ao encontro deste “monumento à criação” e dum mapa que, no final, mereceria de Thierry Gueorgiou o seguinte comentário: “Já não são muitos os mapas que guardo nos meus arquivos, mas tenho de encontrar um lugar para este mapa de Sprint.” E um lugar especial, acrescente-se!

Duelo de gigantes

Feito de ruas e ruinhas, becos e escadinhas, estreitas passagens entre as casas ou sob as rochas – mas sempre, sempre a subir, até ao altaneiro castelo – os percursos traçados colocaram desafios inimagináveis aos 970 participantes, naquilo que constituiu para todos – sem exceção – uma experiência única de Orientação e, num esforço de comunhão com a terra e as gentes – porque não? - uma lição de vida, também.

Thierry Gueorgiou (Kalevan Rasti) e Matthias Kyburz (Swiss Team), respetivamente nº 3 e nº 1 do ranking mundial, travaram um duelo de gigantes pelo triunfo. Foram eles os únicos a lograr baixar dos 19 minutos para cobrir os 2,1 km de prova, mas a vitória acabaria por sorrir a Gueorgiou por uma diferença de 37 segundos (18:17 contra 18:54), fazendo valer toda a sua enorme garra num percurso de rara exigência técnica e física. Nas três posições imediatas, a mais de um minuto do vencedor e com um segundo de intervalo apenas entre si, classificaram-se Severin Howald (Swiss Team), Gernot Kerschbaumer (Pan-Kristianstad) e António Martinez (Colivenc).

Simone Niggli, ainda e sempre!

Na Elite Feminina, a melhor orientista de todos os tempos exibiu-se em Monsanto a grande nível. Apenas duas horas após ter vencido a etapa WRE do Portugal O' Meeting 2013, Simone Niggli (Swiss Team) veio aqui cumprir o seu percurso de 1,6 km em 15:51, deixando a 1:06 a segunda classificada, a sua compatriota Julia Gross. Anastasia Tikhonova (MS Parma), Ausrine Kutkaite (SNO) e Elena Roos (Swiss Team) ocuparam por esta ordem as posições imediatas.
Mas este foi apenas o “segundo acto” do POM Sprint Cup, conjunto de dois eventos de Sprint que arrancou na noite do primeiro dia na vila de Idanha-a-Nova. E aí, enquanto Thierry Gueorgiou aproveitava para um treino de descompressão, Matthias Kyburz empenhava-se a fundo, levando de vencida tanto a etapa como, no somatório final, a própria Taça de Sprint. Nas senhoras, a vitória em Idanha coube a Anastasia Tikhonova, tendo sido ela a grande vencedora no conjunto de ambas as etapas.