Vítor Gonçalves, o árbitro português nomeado para o Mundial de voleibol de sub-21, que terminou no domingo com a vitória da Polónia, espera que a sua presença na República Checa abra as portas para mais árbitros lusos.

“O desempenho neste Mundial é muito importante para se abrirem novas oportunidades, tanto para mim como, desejavelmente, para outros árbitros portugueses. A qualidade existe, mas a concorrência é também muito forte, e as oportunidades são um bem escasso”, disse Vítor Gonçalves à agência Lusa.

No Mundial de sub-21, o árbitro natural de Santa Maria da Feira dirigiu oito jogos “com graus de dificuldade diferentes, mas sempre com a consciência de que, a este nível, não há espaço para falhas”.

“Tive a honra de, após a primeira fase de grupos, que decorreu simultaneamente em duas cidades, ter sido um dos selecionados para arbitrar os grupos dos primeiros na segunda fase, o que me deixou profundamente orgulhoso, pois antes da competição esse era um objetivo que me parecia difícil de alcançar. Aí, arbitrei três jogos”, recordou o juiz português.

Na última fase, que definiu o ordenamento final da classificação, Vítor Gonçalves foi o segundo árbitro numa das meias-finais, entre Polónia e Brasil, dirigindo depois o encontro de atribuição do sétimo e oitavo lugares, entre Argentina e Canadá.

Apesar de já ter marcado presença em várias competições europeias, esta foi a primeira vez que Vítor Gonçalves esteve presente num Mundial, uma estreia que espera que contribua para abrir mais portas à arbitragem portuguesa.

“Temos um grupo de árbitros jovens, com imenso potencial, que tem o desafio de atingir o nível da geração anterior, no qual pontificavam árbitros excelentes, com presença regular nos principais palcos europeus e mundiais. A qualidade existe e agora é uma questão de experiencia, de aparecerem as oportunidades e de as conseguir agarrar”, avaliou.

Sobre as recorrentes polémicas no futebol português e se as mesmas podias ocorrer no voleibol, Vítor Gonçalves considera que o que acontece no ‘desporto rei’ é único.

“O caso do futebol é algo sem paralelo, especialmente em países com uma cultura desportiva tão pouco abrangente. Como em qualquer atividade humana em que somos chamados a decidir questões complexas num curtíssimo espaço de tempo, haverá sempre polémica na arbitragem de qualquer modalidade”, considerou Vítor Gonçalves.

Para o árbitro, várias modalidades são apenas faladas quando um pretenso erro de arbitragem tem consequências sobre a atribuição de um titulo.

“Felizmente, graças à qualidade do desempenho dos árbitros portugueses (...) e uma postura mais esclarecida e menos intolerante do adepto do voleibol essa polémica tem estado relativamente ausente da modalidade”, sublinhou.

Vítor Gonçalves é um grande defensor da ‘aliança’ da tecnologia à arbitragem.

“Tal como tem vindo a acontecer noutras modalidades, a tecnologia está cada vez mais presente no voleibol. Nos últimos anos têm sido introduzidas alterações importantes, como o surgimento do ‘vídeo challenge’, os ‘tablets’ para os árbitros e as equipas poderem solicitar interrupções de jogo ou algum ‘challenge’”, explicou.

Para Vítor Gonçalves, “houve, num primeiro momento, uma primazia da tecnologia sobre o espírito do jogo, algo muito importante no desporto”.

“Desta forma, há agora a tentativa de conseguir um maior equilíbrio entre a componente humana e a tecnologia, para que esta esteja ao serviço do desporto, da verdade desportiva, e não o contrário”, concluiu.