O treinador português Sérgio Traguil faz esta sexta-feira a sua estreia ao comando do Santa Rita de Cássia, uma das novidades da edição de 2017 do campeonato angolano de futebol da primeira divisão, mais conhecido por Girabola.

Aos 36 anos, o ex-técnico dos ganeses do Hearts of Oak assume, em entrevista à Lusa, que a experiência no recém-promovido ao Girabola é "um desafio enorme", mas que "quanto mais difícil, mais motivante".

"Estou numa equipa nova, que subiu este ano e que foi feita há apenas um ano e meio. Espero uma boa aventura, que corra bem, e estamos a trabalhar para isso. Cerca de 80% da equipa são novos jogadores. É sempre bom testar as minhas capacidades ao máximo. Estamos a trabalhar para fazer uma boa surpresa no Girabola", adianta.

Valorizando um trabalho "com os pés bem assentes no chão", o técnico acredita na capacidade da equipa para surpreender, embora aponte, sobretudo, à permanência na primeira divisão angolana: "O objetivo passa sempre pela manutenção, mas o que vier por acrescento do nosso trabalho será muito positivo. Penso que podemos mesmo ser uma boa surpresa".

Apesar de ser um dos treinadores estreantes - e um dos mais jovens - neste Girabola, Sérgio Traguil confessa não se sentir inquieto para a primeira partida, já esta sexta-feira, perante o Recreativo do Libolo, orientado pelo compatriota Vaz Pinto, que tem do seu lado a experiência de já ter orientado a Académica do Lobito e o Recreativo da Caála.

"Se pudesse, tinha jogos todos os dias. Mas, como não é possível, tenho de me contentar com os treinos. Vivo para a competição, para evoluir todos os dias. Há muita vontade de jogar. Um pouco de nervosismo e ansiedade, mas nada que me tire o sono. Estou muito calmo e tranquilo, à espera do jogo para começarmos a competição", refere.

Aliás, além de Sérgio Traguil e Vaz Pinto, Portugal conta com um terceiro representante da classe de treinadores através da presença de Paulo Torres no Interclube, um sinal do "reconhecimento da competência dos treinadores portugueses".

"Por onde passa, o treinador português faz sempre a diferença. Temos de ter também em conta as estruturas que apanham, porque o talento é muito bonito, mas não é só isso que joga. Mas, na minha opinião, os portugueses são os melhores treinadores do mundo", defende.

Depois de anos em que Angola se afirmou como um destino privilegiado para ‘emigrantes’ do futebol português, o país perdeu expressão nessa diáspora. Contudo, Sérgio Traguil considera que três portugueses a treinar em solo angolano é um indício de recuperação.

"O futebol angolano está a desenvolver-se cada vez mais e os clubes estão a subir para patamares de qualidade mais elevados. Houve a crise das divisas e isso criou muitas dificuldades, não só no futebol mas a todos os trabalhadores aqui em Angola. No entanto, penso que as coisas estão a melhorar, o país está a entrar de novo no bom caminho", sentencia.

O jogo de estreia do Santa Rita de Cássia no Girabola 2017 está marcado já para esta sexta-feira, às 15:00, contra o Recreativo do Libolo.