Com a janela de transferências do mercado de inverno na sua reta final, os principais clubes da Europa continuam a braços com restrições financeiras, agravadas pela pandemia de COVID-19 que tem levado a uma queda no movimento de jogadores no mundo inteiro.

Pela primeira vez em uma década, o número de transferências internacionais caiu 5,4 por cento em relação ao ano anterior, à medida que as taxas totais de transferência caem quase um quarto - uma tendência de queda, resultado direto da crise sanitária global, disse a FIFA no seu relatório anual, esta semana.

Os clubes ingleses mais uma vez superaram os gastos dos seus rivais na Europa, com 1.344 milhões de euros do total gasto de 4.644 mil milhões em 2020 - mais do que o dobro dos 602.9 milhões gasto pelos clubes italianos.

No entanto, as equipas da Premier League têm estado excecionalmente paradas este mês, neste que é considerado um dos mercados de vendas mais movimentados do Mundo.

Mas isso é algo que se vê em toda a Europa. A maior contratação de inverno até agora é, surpreendentemente, do Ajax da Holanda, que bateu o seu recorde de investimento (22,5 milhões de euros) para contratar o internacional marfinense Sebastien Haller, ao West Ham.

Ainda falta mais de uma semana para o fecho do mercado de transferências e a tradição diz que haverá um aumento de compras e vendas nos últimos dias, mas a situação financeira cada vez mais deficitária dos clubes da Europa sugere que as contratações milionárias são improváveis ​​de acontecer.

"Eu sei perfeitamente bem os limites financeiros do clube. Qualquer treinador olha para janeiro e pensa em como pode melhorar a sua equipa e eu não fujo a regra. O que fiz foi fazer um plano de jogadores que podem sair e outros que possivelmente podem entrar. Se não vier ninguém, continuaremos com o que temos", disse o técnico do Barcelona, ​​Ronald Koeman, que poderá ter de esperar até o verão para contratar o defesa central Eric Garcia, do Manchester City, numa transferência a custo zero.

Os novos regulamentos para cidadãos da União Europeia introduzidos após o Brexit vão complicar a vida a muitos clubes vendedores mas também compradores (ingleses), enquanto os emblemas franceses estão a fazer contas sobre os custos do colapso do acordo de direitos de TV da liga com a Mediapro.

Clubes franceses em dificuldades

Com a temporada 2019-20 da Ligue 1 a ser terminada antes do tempo devido a pandemia de COVID-19 e a perda de receitas pela ausência de adeptos nos estádios, a Liga Francesa está a lutar para encontrar um novo parceiro de transmissão principal e evitar danos adicionais, após a rescisão do contrato de TV no valor de 800 milhões de euros por ano com a Mediapro.

Os clubes franceses arrecadaram 328.3 milhões de euros com a venda de jogadores para a Inglaterra em 2019. Esse número caiu para 178.1 ME em 2020 após a eclosão da pandemia de COVID-19, e os desafios colocados pelas novas regras de imigração para o Reino Unido podem reduzir ainda mais os negócios entre os dois países a nível do futebol.

Depois da pandemia de COVID-19 e da saída da Mediapro, o Brexit é mais uma machadada nos clubes franceses.

Stephane Canard, presidente da União Nacional de Agentes Desportivos (SNAS), o sindicato que representa os principais clubes da França, acredita que a mudança - que impedirá os clubes ingleses de contratar jogadores menores de 18 anos no exterior e limitar as transferências de ingleses para o exterior - pode trazer algumas mudanças e melhorar o futebol francês.

"Isso vai forçar o futebol francês a pensar em outro modelo e talvez seja uma oportunidade. Talvez possamos manter os nossos jovens jogadores por mais anos, dar-lhes contratos mais longos", disse o líder do sindicato.

O gasto líquido da Premier League de cerca de 901.3 milhões de euros no verão passado foi o segundo maior já registado em uma única janela de transferências, mas a contínua ausência de adeptos nas bancadas deixou os maiores clubes em situação difícil e a terem de dispensar jogadores para reduzir planteis e gastos com salários.

E como vai o mercado?

O Aston Villa estará em negociações com o Marselha pelo médio Morgan Sanson, mas algumas das maiores transferências realizadas neste mercado de inverno ​​incluem Mario Mandzukic, contratado a custo zero pelo AC Milan, e Mesut Ozil que deixou o Arsenal para ingressar nos turcos do Fenerbahçe.

O RB Leipzig contratou a estrela húngara Dominik Szoboszlai da filial RB Salzburg da Áustria, enquanto Luka Jovic voltou ao Eintracht Frankfurt por empréstimo do Real Madrid. Moussa Dembele foi emprestado pelo Lyon ao Atlético de Madrid, com opção de compra no final da época.

Erling Braut Haaland, do Borussia Dortmund, é um dos alvos mais apetecíveis para os 'tubarões europeus', e Dele Alli pode deixar o Tottenham de Mourinho e juntar-se a Mauricio Pochettino no Paris Saint-Germain.

Resta saber até que ponto os clubes estão dispostos a irem neste mercado de inverno, tendo em conta todas as condicionantes financeiras e sanitárias do momento.