Desde que Ryan Mendes se transferiu-se do Le Havre para o Lille que se tem feito contas ao montante que a Académica do Mindelo, principal responsável pela sua formação do jogador, teria direito a receber.

O internacional cabo-verdiano saiu da 2ª divisão francesa para um clube de topo em França, que está na Champions, a troco de três milhões de euros. Esta mudança poderia render uns quantos milhares de euros aos clubes formadores de Ryan Mendes mas não é que acontece neste caso, uma vez que a transferência não foi internacional.

Diz a FIFA no regulamento sobre Estatuto e Transferência de Jogadores, que quando um futebolista é transferido, os clubes que participaram na sua formação e educação entre os 12 e os 23 anos, devem receber uma compensação.

Mas este mecanismo, segundo o artigo 2 sobre Pagamento de Compensação por Formação da FIFA, só se aplica quando o jogador assina um contrato profissional pela primeira vez ou quando a transferência se dá entre federações diferentes.

Acontece que, segundo asemanaonline, a Académica recebeu 400 contos cabo-verdianos (3634 euros) aquando da transferência de Ryan Mendes do Batuque para o Le Havre, altura que assinou o seu primeiro contrato profissional. Ou seja, a Académica não tem quaisquer direitos de formação nesta transferência de Ryan Mendes para o Lille, uma vez que é o segundo contrato profissional que assina e a transferência foi nacional.

O que poderá calhar a "Micá" de São Vicente é a fatia destinada ao Mecanismo de Solidariedade da FIFA. Segundo o órgão máximo do futebol mundial, se um jogador profissional mude de clube no decurso de um contrato, cinco por cento do valor da transferência, excetuando a Compensação por Formação, será distribuído pelo novo clube aos clubes envolvidos na formação e educação do jogador, entre os 12 e os 23 anos.

O valor é calculado da seguinte forma: Das épocas do 12º aniversário até ao 15º, 0,25 por cento da compensação total. Do 16º ao 23º aniversário, 0,5 por cento da compensação total.

No caso de Ryan Mendes, segundo consta, o jogador atuou nos escalões de sub-15, sub-17 e sub-19 da Académica do Mindelo. Se Ryan jogou na "Micá" do Mindelo durante cinco anos, por exemplo dos 14 aos 18 anos, a Académica poderá vir a receber até dois por cento da transferência, ou seja, mais ou menos 70 mil euros.

Mas para isso a formação do Mindelo terá de provar que o jogador jogou estas épocas no clube, no prazo de 18 meses após a transferência. Caso contrário, a Contribuição de Solidariedade é paga à Federação ou Federações dos países no qual o jogador recebeu formação, nesse caso às federações de Cabo Verde e França.

Se o Lille não cumprir com as suas obrigações no que toca ao Estatuto dos Jogadores, a FIFA pode intervir e aplicar medidas disciplinares. O clube tinha até 30 dias após a inscrição do atleta, para pagar os valores referentes ao Mecanismo de Solidariedade.